O Partido Socialista (PS) venceu as eleições legislativas de hoje no círculo eleitoral da Guarda e manteve dois deputados, enquanto o PSD, que obteve a maior percentagem em 2015 e perdeu agora votos, apenas conseguiu um dos três mandatos.
Os socialistas já tinham sido os mais votados no distrito noutras legislativas nacionais, como em 2005 e 2009.
Segundo os resultados oficiais, o PS é este ano a força partidária mais votada no distrito da Guarda, com 37,55% dos votos, enquanto o PSD obteve 34,37%.
O PS ganhou em 10 concelhos (Almeida, Fornos de Algodres, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Guarda, Manteigas, Trancoso, Sabugal, Seia e Vila Nova de Foz Côa) e o PSD em quatro (Aguiar da Beira, Pinhel, Celorico da Beira e Mêda).
Nestas eleições, marcadas pela redução de um deputado, devido à falta de população (em relação às legislativas de 04 de outubro de 2015 a Guarda perdeu quase 12.000 eleitores), o distrito da Guarda ficará representado no parlamento pelos deputados do PS Ana Mendes Godinho (atual secretária de Estado do Turismo) e Santinho Pacheco (atual deputado) e pelo social-democrata Carlos Peixoto (também atual deputado).
A escolha dos nomes dos candidatos do PS ficou marcada por alguma polémica local, mas não teve consequências eleitorais, uma vez que o partido manteve os dois deputados.
O presidente da federação distrital, Pedro Fonseca, demitiu-se após a lista que propunha – deixando de fora Santinho Pacheco e incluindo o seu nome – ter sido chumbada pela Comissão Política Distrital socialista.
O descontentamento pela lista que depois foi apresentada pela direção nacional do partido também originou a demissão, em bloco, do Secretariado da Federação Distrital do PS/Guarda.
O PSD deixou de fora a deputada Ângela Guerra e optou por levar, em número dois, Carlos Condesso, vereador na autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo e chefe de gabinete do anterior e do atual presidente da Câmara Municipal da Guarda (Álvaro Amaro e Carlos Chaves Monteiro, respetivamente), que não foi eleito deputado.
Em 2015, segundo os resultados oficiais, a coligação Portugal à Frente (PàF – PSD/CDS-PP) foi a força partidária mais votada no distrito da Guarda, com 45,59% dos votos, enquanto o PS obteve 33,78%, tendo ficado com igual número de eleitos (dois).
No mesmo ato eleitoral o BE foi a terceira força política mais votada no distrito, com um total de 7,42% dos votos, e o PCP-PEV ficou na quarta posição, com 3,95%.
Nas eleições de hoje, o BE mantém-se como a terceira força política mais votada, com 7,81% dos votos, seguindo-se, em quarto, o CDS-PP, com 4,99%, e, em quinto lugar, o PCP-PEV, com 2,99% dos votos.
Quanto à abstenção, no distrito da Guarda foi de 49,42%, quando em 2015 tinha sido de 47,71%.
O distrito perdeu 11.927 eleitores em relação às anteriores eleições legislativas, contabilizando agora 151.535 inscritos, quando em 2015 tinha 163.462.
O círculo eleitoral da Guarda, por se situar no interior do país, debate-se com a falta de população.
Em 2018, nos 14 concelhos do distrito da Guarda, residiam em média 145.409 pessoas, segundo o portal Eyedata (com base em dados da Pordata) e, em 2011, o Instituto Nacional de Estatística (INE) contabilizava 160.939.
Ainda de acordo com o Eyedata, no ano passado, a taxa da população residente com menos de 15 anos era de 9,80%, quando a de habitantes com 65 ou mais anos era de 29,32%.
Dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE) indicam que em 1975 (Constituinte) a Guarda elegia seis representantes para a Assembleia da República, tendo passado para cinco em 1979 (eleição intercalar) e para quatro em 1991.
O distrito da Guarda, junto da fronteira com Espanha, concentrava, em 2015, um valor de 75,98 do índice de poder de compra ‘per capita’ (Portugal=100,22), segundo o portal Eyedata, enquanto o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem era de 853,62 euros em 2016, abaixo dos 1.108,56 a nível nacional.
E, num distrito com 5,15% de desempregados inscritos em 2018, em 2017 era contabilizada uma taxa de 17,36% de trabalhadores da administração pública local por 1.000 habitantes (contra a percentagem nacional de 11,62%).