O acordo foi formalizado hoje, em Coimbra, entre os organizadores de um fórum sobre o assunto, realizado nesta cidade, no início de maio, no qual foi decidido desenvolver o projeto – Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco (IREFREA/Portugal) – e 40 entidades regionais, entre as quais organizações públicas e privadas de ensino, saúde, desporto, cultura e turismo.
São igualmente promotores do plano autoridades policiais e judiciais, associações e organizações não-governamentais e 16 câmaras municipais (Abrantes, Águeda, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Fornos de Algodres, Idanha-a-Nova, Leiria, Oliveira do Hospital, Pedrógão Grande, Sever do Vouga, Tomar, Torres Vedras, Vila Nova de Poiares e Viseu).
A Declaração ‘Noite saudável das cidades do Centro de Portugal’ resulta das preocupações relacionadas com os fatores de risco nas atividades recreativas noturnas, recordou hoje, durante a sessão, nas instalações da CCDRC, em Coimbra, António Reis Marques, diretor do Psiquiatria e Saúde Mental do CHUC, serviço no seio do qual surgiu a ideia.
“Este projeto pioneiro no país não é uma coisa qualquer – estamos, nos dias de hoje, perante situações que não podemos esconder, pois há realmente violência” na noite dos centros urbanos de todas as dimensões, sublinhou Reis Marques.
Melhorar a vida dos portugueses, neste aspeto, também faz parte do Serviço Nacional de Saúde, sustentou o psiquiatra, salientando que a concretização da ideia “demonstra que um hospital, mesmo com a grande dimensão do CHUC, pode ir para o terreno e aproximar-se das pessoas e dos seus problemas”.
Pretende-se definir estratégias que permitam à população das comunidades citadinas, vivam elas em cidades ou vilas maiores ou menores, “vivências salutares em contextos recreativos noturnos”, referiu, durante a mesma sessão, a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa.
“Face à situação preocupante que se vive atualmente nas noites das cidades, a ideia deste projeto-piloto é encontrar soluções em rede que permitam alterar mentalidades e comportamentos, de modo a criar ambientes noturnos divertidos, alegres, seguros e saudáveis”, sublinhou.
“O objetivo não é impedir ou criticar a diversão noturna dos jovens, mas fornecer-lhes competências para que possam fazer escolhas conscientes. Não queremos antagonizar os empresários e as pessoas que trabalham na noite, mas antes trazê-las para o projeto para que também possam beneficiar com o mesmo”, destacou Ana Abrunhosa.
Numa fase inicial, o projeto ‘Noite saudável’ desenvolver-se-á, “sempre com recurso a meios que estão cientificamente testados”, nalgumas cidades e vilas, mas será, depois, alargado à generalidade dos centros urbanos da região (e, posteriormente, porventura, do país), mas salvaguardando “sempre as especificidades e identidade de cada um”, assegurou a presidente da CCDRC.
“Os contextos recreativos desempenham um papel importante na vida das cidades e dos jovens, mas têm, em várias situações, uma ligação intrínseca com a rutura de hábitos de vida saudáveis e a associação de uma multiplicidade de fatores de risco”, em áreas como a violência, o consumo de álcool e outras substâncias e a sinistralidade rodoviária, adverte a declaração hoje formalizada.