Há hoje metade dos produtores que havia há cinco anos nos concelhos da corda da Serra
Com o número de queijarias a decrescer, a produção de Queijo Serra da Estrela não pára de aumentar. Apesar da ligeira quebra de 2006 para 2007 (na ordem das 1.200 unidades), o último ano registou um salto exponencial: 100 mil queijos foi quanto produziram os associados da Estrelacoop – Cooperativa de Produtores de Queijo Serra da Estrela.
«O número de queijarias tem diminuído, mas as que ficam aumentam a produção, adquirindo leite de ovelha com qualidade na região», justifica Célia Henriques, técnica agro-alimentar da cooperativa sedeada em Celorico da Beira. Em 2004/2005 havia na região 28 queijarias. Nesse ano encerraram quatro e, em 2006/2007, contavam-se apenas 17 produtores. No ano passado sobravam apenas 15 apenas, tendo um deles cessado a actividade entretanto. Feitas as contas, há agora metade das queijarias de há cinco anos. O queijo produzido tem, na sua totalidade, Denominação de Origem Protegida (DOP) e vai buscar a matéria-prima às típicas raças ovinas Serra da Estrela e/ou Churra Mondegueira. Com a qualidade assegurada, o leite “tradicional” traz valor acrescentado ao produto final, o que o torna mais caro do que o queijo de ovelha curado das fábricas. Tudo isto traduz-se no «melhoramento da região», constata Célia Henriques, uma vez que os produtores vão-se modernizando em termos de equipamentos e até de marketing.
Actualmente, o Queijo Serra da Estrela DOP é produzido nos concelhos de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Trancoso, Gouveia, Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Viseu. Da lista de associados da Estrelacoop fazem parte não só produtores de queijo, mas também de leite da região demarcada Serra da Estrela – só um produtor certificado não é associado. «O número de cooperadores tem diminuído, como tem reduzido o número de ovelhas e pessoas a continuar esta profissão, de pastores e produtores de leite ou queijo», lamenta a técnica, que vê no Queijo Serra da Estrela «um cartão de visita do nosso país». Mas que se vai desfazendo com o tempo: «As exigências por parte dos nossos governantes, que não sabem o que é o natural e não conhecem a região, condicionam a produção», garante Célia Henriques, considerando que os «poucos apoios» e as «novas taxas» cobradas são alguns dos motivos que têm levado muitos queijeiros a abandonarem a actividade.
A isso juntam-se as dificuldades de comercialização e a fraca evolução no preço pago ao produtor. No ano transacto, o preço para revenda rondava os 14 euros, enquanto que agora se situa entre os 13,5 e os 15 euros, insuficientes para proporcionarem margens de lucro apelativas. «É considerado um dos melhores queijos portugueses e mundiais, mas precisa de mais apoios, por exemplo, para a exportação», reclama a técnica.