Um ano antes do previsto, já estão a ser colhidas as primeiras amêndoas do importante projeto agrícola que a empresa Vera Cruz está a desenvolver no concelho do Fundão e que já criou 20 postos de trabalho diretos. A ministra Ana Abrunhosa participou no momento simbólico, esta quarta-feira.
Iniciado em 2017, o projeto estende-se entre os concelhos do Fundão e de Idanha-a-Nova e prevê um investimento global de cerca de 50 milhões de euros, a concretizar em diferentes fases e integrando a criação de uma unidade fabril de descasque de amêndoa.
A empresa garante estar empenhada na “valorização social e económica da região”, sustentada em princípios como ‘”smart farming’ e inovação”, “visão empresarial”, “sustentabilidade” e “responsabilidade social”, como apontou Filipe Rosa, um dos sócios do grupo “Vera Cruz”.
O facto de associar agricultura, indústria, inovação, tecnologia e conhecimento foi destacado por Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, que salientou que este projeto é um bom exemplo do caminho a seguir ao nível da coesão territorial e da diversificação da base económica dos territórios do Interior.
“Estes territórios são agricultura, são floresta, são turismo, mas também têm de ser mais do que isso”, apontou, frisando que estas empresas também contribuem para a atração de jovens qualificados para os territórios.
A governante sublinhou ainda que a tecnologia é um “grande aliado” para a agroindústria e garantiu que o Governo vai “acarinhar” os projetos que integrem ciência, tecnologia e conhecimento como forma de contribuir para a valorização de recursos e para a criação de valor da economia.
“A competitividade ganha-se em diferentes domínios, nomeadamente introduzindo ciência, tecnologia e conhecimento nestas atividades económicas, dando escala a estas atividades e contribuindo para a diversificação da atividade económica”, frisou.
Segundo sublinhou, o Governo tem, até final do ano, avisos abertos dedicados ao investimento inovador e aos territórios do Interior, além dos apoios à contratação de recursos humanos qualificados e fixação de pessoas.
“Nós temos de fazer uma aposta muito grande no setor da agroindústria e, por essa via, valorizar a agricultura. A pandemia mostrou-nos que temos de ser autossuficiente e que temos de ser competitivos. Ou seja, para além de produzirmos para consumir, temos de produzir também para exportar”, afirmou.
Presente na cerimónia, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, sublinhou a importância de o concelho estar a conseguir atrair investimento e a diversificar as apostas, nomeadamente dentro da fileira da agricultura, dado que tal contribuirá para “reduzir os riscos” inerentes à atividade.
Laboratório “agrotech”
O Fundão vai criar um laboratório “agrotech” que se deve afirmar como uma plataforma de testagem e demonstração de tecnologia aplicada à agricultura em contexto real e em articulação com agricultores, anunciou também o presidente da Câmara, Paulo Fernandes.
“Criámos um conceito que passa por um centro de demonstração de tecnologia aplicada à agricultura (agrotech), em que estamos a convidar as ‘start-up’ do setor a testarem as respetivas tecnologias nos campos agrícolas do concelho e nas mais diferentes fileiras produtivas”, apontou.
Segundo explicou o autarca, este laboratório não terá um espaço físico distribuído por salas e gabinetes, mas sim os campos e propriedades onde a tecnologia e inovação pode ser testada, tirando-a de espaços reduzidos ou de simples salas fechadas das universidades e centros tecnológicos.
Lembrando que o concelho conta com produção de amêndoa, cereja, pêssego, queijo, além da componente da pastorícia e de várias culturas tradicionais, Paulo Fernandes também referiu a diversidade de possibilidades para as empresas e para os produtores e agricultores.
Enquanto as empresas terão a oportunidade de desenvolver as respetivas tecnologias em contexto real e de as testarem nos campos e nas culturas a que se destinam, os agricultores podem beneficiar das mais-valias que essa tecnologia introduzirá na respetiva produção.
O autarca espera ainda que ‘start-up’ e agricultores possam beneficiar da troca de saber e conhecimento, num diálogo que cruza tecnologia com experiência.
A nível concelhio, as vantagens passam pela possibilidade de criar melhores condições para os empresários das diferentes fileiras e pela possibilidade de, na fase de conclusão dos produtos, poder cativar empresas.
“No futuro, cada uma das inovações pode ser um projeto que poderá atrair investimento”, apontou.