A recomendação consta de um Projeto de Resolução dos deputados José Luís Ferreira e Mariana Silva, no sentido de que o Governo “apoie a certificação do cobertor de papa, artigo de artesanato, ícone da cultura serrana e das atividades ligadas à pastorícia”.
O grupo parlamentar de “Os Verdes” também defende que o Governo “promova o cobertor de papa de forma a salvaguardar esta peça de artesanato que se encontra em risco de desaparecer” e “apoie a promoção dos produtos artesanais e dos artesãos, em particular no atual contexto de pandemia, em que as feiras e exposições, principais pontos de venda, estão encerradas”.
Segundo o texto, o cobertor de papa “é um produto artesanal obtido a partir da lã churra de ovelha”.
“Trata-se de um agasalho natural de grande qualidade com propriedades de resistência à água, ao calor e acústica. Para além de ainda ser usado por muitos conhecedores das qualidades deste produto, também é aplicado em decoração, com ou sem pelo”, acrescenta.
“Os Verdes” lembram que o típico cobertor “é apenas produzido por quatro artesãos, dois dos quais com mais de 70 anos, na localidade de Maçainhas, concelho da Guarda, pela Associação O Genuíno Cobertor de Papa, de forma artesanal e fiel às tradições e cultura”.
Segundo o partido, o cobertor de papa, que é “único no mundo”, esteve três anos sem ser produzido, devido ao encerramento da última unidade artesanal que existia na localidade.
“Este produto tem uma produção sazonal, realizada de março a novembro, onde a lã churra, grossa e comprida de ovelhas, é fiada e tecida num tear manual, seguindo depois para o pisão para lavar e feltrar. Posteriormente, segue para a máquina de cardar, que lhe puxa o pelo, sendo por fim esticadas para secarem ao sol”, lembra.
No projeto de resolução refere-se que o cobertor de papa “encontra-se em risco de extinção”.
Os deputados José Luís Ferreira e Mariana Silva lembram que, “embora seja um produto artesanal e tradicional, reconhecido e apreciado além-fronteiras, não viu ainda a sua certificação realizada, dado os custos do processo, que segundo a Associação O Genuíno Cobertor de Papa, ronda os 25.000 euros, um valor insuportável para os artesãos que estão envolvidos na produção”.
“A certificação para além de definir e perpetuar as características, as matérias-primas e os processos de produção, contribuindo para a identidade do território e das suas gentes, impede que os consumidores sejam induzidos em erros por cópias e produtos feitos de forma industrial”, lê-se.
Segundo o texto, “embora o cobertor de papa ainda não esteja certificado, em 2018 a autarquia local admitiu publicamente estar a estudar a possibilidade de candidatar o cobertor tradicional, conhecido como cobertor de papa, a património cultural da UNESCO, com vista à sua salvaguarda”.
“Os Verdes” lembram que em 2020 o cobertor de papa participou no programa da RTP1 as 7 Maravilhas da Cultura Popular, tendo sido um dos finalistas regionais do distrito da Guarda do concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular.