Municípios querem autoestrada Coimbra e Viseu a passar a sul do Mondego

Oito municípios do distrito de Coimbra defenderam esta quarta-feira que uma futura autoestrada entre Coimbra e Viseu deverá passar a sul do rio Mondego, no concelho de Vila Nova de Poiares.

Esta alternativa é a que “melhor responderá às dificuldades que se acumularam ao longo dos anos ao nível das acessibilidades” na região, preconizam os presidentes das câmaras de Vila Nova de Poiares, Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra e Penela, num documento dirigido à Infraestruturas de Portugal (IP).

O Itinerário Principal 3 (IP3) “já não dá a devida resposta” em termos de mobilidade rodoviária entre o litoral e o interior, disse aos jornalistas o autarca de Poiares, João Miguel Henriques, do PS.

Em sintonia com os outros presidentes de câmaras presentes, o anfitrião de uma conferência de imprensa realizada nos Paços do Concelho de Vila Nova de Poiares realçou a necessidade de estes municípios se unirem em defesa de uma solução “mais rápida e mais segura”.

A “alternativa sul” do futuro traçado, em oposição à solução de atravessamento do território a norte do Mondego, no distrito de Coimbra, irá “ao encontro das pretensões” dos municípios subscritores do documento, referiu.

João Miguel Henriques salientou que a A13 tem atualmente custos elevados para o Estado, por ser ainda reduzido o número de viaturas que diariamente circulam nos troços já em funcionamento.

No âmbito da parceria público privada que assegurou a construção desta via, o Estado suporta “grandes despesas para suprir esta insuficiência de tráfego”, afirmou, frisando “que há necessidade de aumentar” o número de utilizadores da A13, o que poderá ser facilitado pela “alternativa sul” da nova ligação a Viseu.

Este eventual traçado abrange uma extensão da futura autoestrada entre Santa Comba Dão e a localidade de Ceira, no concelho de Coimbra e na margem sul do Mondego.

Dos oito subscritores do documento, apenas o presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra, José Brito (PSD), não participou na apresentação.

Todos os presentes intervieram, realçando sobretudo a importância de promover “a coesão territorial de toda a região”, mas o social-democrata Luís Matias foi único a demarcar-se parcialmente dos seus homólogos.

“Os estudos são apenas para nos entreter”, criticou o presidente da Câmara de Penela, para quem se exige “uma posição muito clara” sobre este assunto da parte de entidades regionais, como as comunidades intermunicipais, Turismo Centro de Portugal e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

Para o presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, importa que a futura via em perfil de autoestrada venha “também responder aos estrangulamentos” da estrada nacional (EN) 17, conhecida por Estrada da Beira, que liga Coimbra ao interior do distrito.

O autarca do PS sublinhou que a EN 17 “já não responde às necessidades” da mobilidade na região, que perdeu há mais de sete anos o serviço ferroviário do Ramal da Lousã.

Esta linha centenária foi encerrada pelo último Governo de José Sócrates, em janeiro de 2010, para obras que visavam a instalação de um sistema de metro, que deveria servir igualmente a cidade de Coimbra com um ramal urbano que não chegou a ser construído.

Nas empreitadas diversas realizadas para fazer avançar o metro, o Estado já gastou 150 milhões de euros, segundo diferentes estimativas.

Os trabalhos começaram, ainda em dezembro de 2009, mas foram suspensos algum tempo depois por razões financeiras.

Em junho, o Governo e os três municípios servidos pelo ramal da Lousã — Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã — divulgaram um estudo que prevê a opção por autocarros elétricos, 21 anos após a criação da Metro Mondego, sociedade que envolve o Estado e as autarquias com o objetivo de concretizar o projeto do metro, agora abandonado.


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