Municípios de Trancoso e Sabugal apostam no setor da castanha

Trancoso e Sabugal são dois dos municípios do distrito da Guarda que estão a adotar estratégias de apoio à produção de castanha, contribuindo para a dinamização de um setor que tem grande importância nas economias locais.

“A Câmara Municipal de Trancoso aposta forte na fileira da castanha. Temos cerca de 900 produtores de castanha das variedades martaínha e longal e produzimos anualmente 2.500 a 3.000 toneladas de castanhas, o que representa uma faturação entre cinco a seis milhões de euros, o que é extremamente importante”, disse hoje à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal.

Segundo Amílcar Salvador, o seu município está a fazer “um grande trabalho”, em colaboração com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, no âmbito de um protocolo para explorar o potencial produtivo máximo da castanha, melhorando a qualidade e aumentando o plantio.

“O protocolo tem funcionado muito bem e são muitos os dias abertos, ao longo do ano, dedicados ao castanheiro”, com o envolvimento de 367 produtores do concelho.

O município também instalou um souto experimental (em 2015) e está a desenvolver um souto de demonstração.

O concelho de Trancoso é o único da área da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela que integra a região demarcada de produção de castanha com a Denominação de Origem Protegida (DOP) Soutos da Lapa.

A produção de castanha em Trancoso representa 30% da DOP Soutos da Lapa e 5% da produção nacional, segundo Amílcar Salvador.

O município localizado a norte do distrito da Guarda possui 1.300 soutos e 140 mil castanheiros.

A autarquia também promove, desde 2013, uma feira anual dedicada à castanha, que este ano não se realizou devido à pandemia causada pela covid-19, mas foi organizado um concurso que distinguiu os melhores frutos da colheita de 2020.

O município do Sabugal, também no distrito da Guarda, situado junto da fronteira com Espanha, onde existem cerca de 600 hectares de soutos, também tem apostado na fileira da castanha.

Em 1988, a autarquia celebrou um protocolo com a Direção Regional da Agricultura da Beira Interior para disponibilização de uma área para instalação de um Campo Experimental e de Produção de Material Vegetativo, tendo sido criado o Campo Experimental da Colónia Agrícola de Martim Rei.

Segundo o vice-presidente do município, Vítor Proença, nas instalações da antiga Colónia Agrícola (que foi criada em 1936 pela então Junta de Colonização Interna do Ministério da Agricultura e entrou em declínio em 1974) a autarquia instalou um viveiro de castanheiros (que produz cerca de 1.700 pés por ano, sendo 800 da variedade martaínha, 500 judia e 400 da variedade longal) e outro de avelãs.

Pelas contas do responsável, a autarquia vende cerca de 1.700 castanheiros por ano, o que significa que “desde o início da criação do viveiro já foram vendidos entre 30 a 35 mil exemplares”.

“Somos muito solicitados por produtores de vários pontos do país, porque todos os castanheiros que vendemos no viveiro têm passaporte fitossanitário. Quer dizer que as variedades já estão protegidas contra algumas doenças do castanheiro, como o cancro e a tinta”, disse Vítor Proença à Lusa.

Naquele município do distrito da Guarda também foi criada, em 2016, uma associação dos produtores locais de castanha, denominada Castcôa – Associação de Produtores de Castanha do Côa.

Segundo a autarquia, estão a decorrer negociações para que a associação seja integrada na Coopcoa – Cooperativa Agrícola do Concelho do Sabugal.


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