O reconhecimento às mulheres que trabalham a terra e que dela tiram o sustento da sua família acontece no ano em que o Douro é Cidade Europeia do Vinho.
“Este ano quisemos ter um enfoque muito forte sobre mulheres que têm um trabalho árduo e que trabalham na vinha no dia a dia. Também é preciso que muitas vezes se recorde que não é só um trabalho masculino em termos de quem trabalha a vinha”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves.
O autarca disse que, em 2023, o município entendeu que seria este o setor homenageado no Dia da Mulher.
“Lembrar o papel que a mulher também tem tido na criação e manutenção desde Douro Património Mundial da Humanidade. E o seu papel tem sido fundamental ao longo dos anos”, destacou.
O trabalho na vinha estende-se ao longo de todo o ano e tem como ponto alto a vindima, entre os meses de agosto, setembro ou outubro. Logo depois recomeça o ciclo com a poda, a remoção das vides, enxertias, fertilizações e tratamentos contra as doenças, desponta, despampa, entre outros.
Cada uma das oito freguesias e uniões de freguesia do concelho do Peso da Régua indicou 10 mulheres que vão ser homenageadas, mas, segundo o autarca, em “representação de muitas outras também que trabalham na vinha”.
“Não havendo essa possibilidade de identificar todas, houve aqui a intenção de simbolizar este setor, o trabalho da mulher também neste setor. Teremos uma representatividade transversal a todo o concelho”, referiu José Manuel Gonçalves.
Desde 2006 que o município do distrito de Vila Real presta homenagem às mulheres, escolhendo, em cada ano, um setor diferente, como as rebuçadeiras, as que integram as forças de segurança e armadas, as que estão ao serviço de instituições de solidariedade social, as que se distinguiram pelo contributo dado na saúde ou pelo contributo dado na política.
“A mulher não tem só um dia, tem os dias todos do ano, mas, no fundo, neste dia que está dedicado de uma forma mais específica a elas fazemos questão de lembrar o papel que tem em todas as áreas profissionais ou sociais”, referiu o presidente.
A homenagem a quem trabalha a vinha está inserida e foi inspirada na Cidade Europeia do Vinho, e, segundo José Manuel Gonçalves, serão cerca de 100 as iniciativas que este ano decorrerão neste município com “este selo”.
O Douro Cidade Europeia do Vinho tem como tema “All Around Wine, All Around Douro” e pretende “abrir o Douro ao mundo”.
O projeto apresenta como principais eixos: promover, capacitar e refletir o Douro, estando prevista a realização de mais de 600 iniciativa ao longo de todo o ano “à volta da temática do vinho”, nos 19 municípios que constituem a Comunidade Intermunicipal do Douro.
Uma das iniciativas mais relevantes do ano será a comemoração do Dia de Portugal, no Peso da Régua, tendo o Presidente da República designado o enólogo João Nicolau de Almeida como presidente da comissão organizadora.
Em 2023, a celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas estende-se também à África do Sul.
A Cidade Europeia do Vinho é um concurso anual lançado pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN), em 2012, e tem como objetivo a promoção turística e a divulgação das regiões europeias produtoras de vinho, tendo um caráter rotativo entre os diversos países que fazem parte da rede.
A CIM Douro compreende concelhos de quatro distritos, designadamente Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Coa e Vila Real.
