Mercado Municipal de Fornos de Algodres nomeado para os Prémios FAD de Arquitectura e Interiores 2025

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Construído em 1902, o edifício centenário mantém a traça e, renovado, foi inaugurado a 16 de agosto de 2024, passando a poder receber eventos, feiras, exposições e concertos.

Criados em 1958, os Prémios FAD são os galardões mais antigos no âmbito de arquitectutura e interiores e um dos mais prestigiados da Península Ibérica.

Dividindo a lista por prémios e categorias, foram selecionados 50 projetos para o Prémio FAD de Arquitetura e Design de Interiores deste ano: 19 na categoria Arquitetura (onde se inclui o Mercado Municipal de Fornos de Algodres), 10 na categoria Design de Interiores, 11 na categoria Cidade e Paisagem e 11 na categoria Intervenções Efémeras. Os vencedores das diversas categorias serão anunciados pelo júri, numa grande no dia 10 de junho de 2025.

Para os responsáveis pela arquitectura do projeto Miguel Roque, Paulo Vale Afonso e Rui Santos o trabalho da requalificação do Mercado de Fornos de Algodres “exigiu a criação de um espaço abrigado, flexível e polivalente, a reconfiguração das lojas para melhorar a sua funcionalidade e modernização, bem como a valorização do espaço público, com o objetivo de reforçar a integração urbana e melhorar a experiência dos utilizadores.”

O Mercado Municipal de Fornos de Algodres é um edifício histórico que desempenhou um papel central na vida da comunidade ao longo das décadas. Passou por intervenções nas décadas de 1930 e 1990.

“Além de sua função principal como mercado, o espaço evoluiu para um centro para diversos eventos, incluindo feiras, exposições e concertos, capitalizando sua localização central e tamanho. A intervenção da década de 1990 visava aprimorar a funcionalidade do mercado, nomeadamente por meio da instalação de coberturas treliçadas metálicas para oferecer mais proteção. No entanto, não atendia às necessidades emergentes da comunidade, especialmente durante o outono e o inverno, quando os espaços abertos do mercado se mostravam inadequados para as condições climáticas adversas da região. O novo projeto foca na reconfiguração da área do mercado de 6.500 m², criando um espaço abrigado, flexível e multifuncional, e na melhoria da área pública. Dado o orçamento limitado para um espaço tão amplo, o projeto focou no essencial. A flexibilidade foi uma prioridade, levando a intervenções estratégicas que removeram barreiras físicas e visuais. A abordagem de projeto baseou-se na remoção de elementos desnecessários ou restritivos como um ato de criação. Isso incluiu a reutilização da estrutura existente e a introdução de novos elementos construtivos, garantindo um equilíbrio entre o antigo e o novo, ao mesmo tempo em que aprimorava a funcionalidade e restaurava características históricas perdidas. Essa reabilitação preserva o caráter histórico do mercado, adaptando-o às necessidades atuais, transformando-o em um espaço comunitário disponível durante todo o ano.”

Por ocasião da inauguração das obras de requalificação, a 16 de agosto de 2024, o presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres, Manuel Fonseca afirmou que “houve muita ousadia por parte do município e também do grupo de projetistas. O Mercado Municipal era uma estrutura que existia na vila de Fornos, mas digamos que era fechada à população. Entendemos que devíamos abrir aquele espaço a quem vive em Fornos e a quem nos visita”.

A obra promete marcar a forma como a população se relaciona com o espaço, com a vila e com a paisagem envolvente.

“A equipa projetista conseguiu que seja um espaço em que as pessoas possam andar à vontade, entrar e sair, virado para a serra da Estrela, podendo desfrutar daquele espaço”, salientou o autarca.

“Não mexemos na estrutura, conseguimos dar uma nova dinâmica. Antes, entrávamos no mercado e não víamos a serra da Estrela. Agora, com as aberturas que fizemos, conseguimos desfrutar da paisagem lindíssima que tem a vila”, destacou Manuel Fonseca.

A reabilitação dotou o equipamento de melhores condições de utilização e permitir a Fornos de Algodres ter um espaço fechado para a realização de eventos, uma necessidade que se fazia sentir sobretudo no inverno.

Manuel Fonseca considerou que o espaço pode ser um ponto de interesse para que as pessoas visitem Fornos de Algodres, destacando que o projeto aliou a arquitetura moderna às necessidades da população.

O autarca sustentou que o objetivo da Câmara é o de dar vida ao espaço e lembrou que há um conjunto de lojas que se pretende dinamizar.

A reabilitação do Mercado foi sempre considerada pela autarquia como uma obra estruturante para o concelho. A intenção era transformar o Mercado num espaço público central abrindo-o ao centro histórico, adaptando-o às novas funções que ali têm lugar e desenhando-o como parte integrante da vila.

A obra foi lançada em 2021, mas sofreu alguns contratempos. Na opinião do autarca, o tempo também permitiu corrigir alguns aspetos tendo sido possível chegar “a este resultado que é de alta qualidade”.

A reabilitação custou mais de um milhão de euros com financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

“Para um município com as dificuldades como o nosso foi um esforço financeiro que tivemos de fazer. Mas acho que é uma obra vai orgulhar todos os fornenses”, sublinhou.


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