Líder da distrital da Guarda do PSD diz que “não é tempo” para pedir “cabeças”

O presidente da Comissão Política Distrital do PSD da Guarda defendeu hoje que não é tempo para “pedir as cabeças do líder ‘a’ ou do líder ‘b'” e que o partido deve “concentrar energias” no combate político.

Carlos Peixoto disse à agência Lusa que, após o resultado obtido pelo PSD no domingo, o líder nacional do partido, Rui Rio, “não esclareceu nem que ficava nem que saía, disse que, com serenidade e com calma, iria analisar”.

“Esta é uma decisão que, em primeiro lugar lhe compete a ele, com essa serenidade e reflexão mais madura, a seu tempo, tomar. Só depois de ele tomar essa posição é que as estruturas [partidárias] devem também emitir qualquer tipo de opinião”, referiu.

O líder distrital do PSD/Guarda lembra que Rio “está a meio do mandato, está no exercício legítimo do mandato, compete-lhe a ele decidir se fica ou se sai”.

No entanto, em sua opinião, é “errado que o faça agora”: “Não é tempo, agora, para pedir as cabeças do líder ‘a’ ou do líder ‘b’. O que eu entendo é que o PSD, agora, deve estar preparado e concentrar as energias na redefinição do seu grupo parlamentar, no combate político que o Parlamento vai exigir. E é aí que, nos próximos tempos, que todas as energias devem ser concentradas”.

“Depois disso, com a tal serenidade e com a calma que o líder do partido, e bem, disse que iria ter, então devemos analisar todos os resultados e todos os cenários”, rematou.

Carlos Peixoto disse também à Lusa que nas eleições de domingo, em comparação com o ato eleitoral de 2015, a votação do PSD a nível nacional, se somada “àquilo que valeria na altura o CDS” e o que valeram agora “todos os outros partidos de direita, o Liberal, Chega e Aliança”, o resultado “foi exatamente igual ao de há quatro anos”.

“Portanto, não vale a pena nós estarmos nem muito excitados com as vitórias do PS, que são sempre efémeras, conjunturais, nem ficar deprimidos com qualquer tipo de resultado, nomeadamente com este resultado do PSD que não foi tão negativo quanto alguns querem que se diga que foi”, afirmou.

Para o social-democrata Carlos Peixoto, que liderou a lista do PSD pelo círculo eleitoral da Guarda e foi reeleito deputado, “não é tempo de estar a discutir” a continuidade ou não do líder nacional.

“Ele [Rui Rio] não deve dizer já nem uma coisa nem a outra. Deve, primeiro, preparar o Grupo Parlamentar, colocar o partido a trabalhar, a fazer oposição a sério e, depois, maduramente deverá tomar a sua decisão”, defende.

Acrescenta que o PSD tem, desde já, de “começar a fazer oposição ao PS e à esquerda, por forma a que o país fique mais preparado e com uma alternativa e com uma oposição mais musculada”.

“Vamos preparar o Grupo Parlamentar, vamos olhar para a frente, o PSD é um partido enorme, um partido grande, uma convocação de um congresso e de eventuais eleições demora meses, e não é altura. Nós não podemos deixar a esquerda à solta nestes primeiros tempos de Governo e tempos de constituição do Parlamento”, disse.

Carlos Peixoto garante que respeitará “totalmente a decisão do líder”, mas com os resultados obtidos pelo PSD nas eleições de domingo, “não há nenhuma razão para dramas”.

“O PSD voltará a ser poder neste país, porque é a única alternativa que existe à esquerda em Portugal, com capacidades de governar”, disse.

O PS venceu as legislativas de domingo com 36,65% dos votos, tendo o PSD obtido 27,90%.

No distrito da Guarda, o PS foi a força partidária mais votada, com 37,55% dos votos, enquanto o PSD obteve 34,37%.

O PS ganhou em 10 concelhos (Almeida, Fornos de Algodres, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Guarda, Manteigas, Trancoso, Sabugal, Seia e Vila Nova de Foz Côa) e o PSD em quatro (Aguiar da Beira, Pinhel, Celorico da Beira e Mêda).

Nestas eleições, marcadas pela redução de um deputado, o distrito ficará representado no parlamento pelos deputados do PS Ana Mendes Godinho e Santinho Pacheco e pelo social-democrata Carlos Peixoto.


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