Lançada Biografia do bispo Albino Cleto, um homem “bom” de Manteigas

A obra segue cronologicamente o percurso de Albino Cleto, dedicando um capítulo às suas origens, família, e ao despertar da vocação, abordando 51 anos de vida.

A obra “D. Albino Cleto. Memórias de uma vida plena”, de José António Santos, traça o percurso biográfico do eclesiástico, que foi bispo de Coimbra, e deixou “um rasto de bondade”, como afirma o atual titular da diocese conimbricense.
Virgílio Antunes, atual bispo de Coimbra, afirma no prefácio da obra, com a chancela da Paulinas Editora, que é raro encontrar-se pessoas que deixem atrás de si um rasto de bondade que permaneça na “memória daqueles com quem partilharam a grandeza do seu coração”, como é o caso de Albino Cleto (1935-2012).
O jornalista José António Santos, que o conheceu e foi seu discípulo, como revela na obra, tendo-se “cruzado” no Círculo Juvenil da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, decidiu escrever a sua biografia.
Uma biografia não conforme às “metodologias da historiografia”, que o autor reserva aos historiadores, mas com base em “critérios jornalísticos, no procedimento da recolha da informação documental e de testemunhos orais, análise e cruzamento de fontes”, e “a memória e conhecimento pessoal”, do próprio José António Santos.
O autor aponta como fundamental o acesso às agendas pessoas de Albino Cleto, onde registava tudo, desde a sua ordenação presbiterial, em agosto 1959, pelo cardeal-patriarca Manuel Cerejeira, até ao fim da vida.
Há todavia, hiatos – “não aprecem no espólio” as agendas relativas aos anos de 1990 a 1992 e de 2011.
Para o atual bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, “a publicação desta biografia, no Ano Santo da Misericórdia, é uma feliz coincidência, a que também podemos apelidar de sinal indicador da sua figura, como exemplo e testemunho da misericórdia de Deus encarnada na vida do homem, do cristão e do bispo”.
Reconhecendo que a biografia é “marcada pelo tom da amizade de um dos seus admiradores”, o atual bispo de Coimbra afirma que “verbaliza” o silêncio de “uma multidão de homens e mulheres”, que conheceram Albino Cleto, e traça o “caminho de um homem de Deus, que passou pelo mundo fazendo o bem”.
A obra segue cronologicamente o percurso de Albino Cleto, dedicando um capítulo às suas origens, família, e ao despertar da vocação, abordando 51 anos de vida.
“Os nove capítulos da obra revelam muitos detalhes, até agora desconhecidos, da vida, ação apostólica e espiritualidade do prelado, que foi bispo auxiliar de Lisboa durante 15 anos – de 1983 a 1997 –, e bispo de Coimbra entre 2001 e 2011, além de ter desempenhado vários cargos na Conferência Episcopal Portuguesa, de que foi secretário e porta-voz”, afirmou à Lusa fonte da Paulinas Editora.
Albino Mamede Cleto, que foi o 65.º bispo de Coimbra, nasceu em Manteigas, junto à serra da Estrela, e, em 1947, decidiu ingressar no Seminário de Santarém.
O segundo capítulo, cronologicamente, vai de 1947 a 1959, aborda os estudos nos seminários de Santarém, Almada e Olivais, as férias em Manteigas e o retiro antes da ordenação.
O terceiro capítulo abrange 23 anos de Albino Cleto como padre, nomeadamente nas paróquias da Lapa e Santa Isabel, em Lisboa, até ser nomeado bispo-auxiliar de Lisboa, facto que abre o capítulo seguinte, no qual é traçado o seu percurso como coadjutor do cardeal António Ribeiro.
Ao sair de Lisboa, nomeado bispo coadjutor de Coimbra, segundo o autor, José Policarpo, então também bispo-auxiliar, afirmou em nome do cardeal-patriarca, que, “se os critérios pastorais fossem humanos ou de empresa, tudo teria sido feito para impedir a saída de D. Albino”.
De 1998 a 2001, foi bispo coadjutor de Coimbra, período abordado no quinto capítulo, e, finalmente, os dez anos como bispo de Coimbra, de 2001 a 2011, que ocupam o sexto capítulo, e no qual é citada uma passagem das suas agendas, em que refere uma visita à carmelita Lúcia, vidente de Fátima.
Albino Cleto escreveu, a 05 de fevereiro de 2005: “Visitei hoje, uma vez mais, a Irmã Lúcia, que se vai apagando no leito da sua cela”. A carmelita morreu a 13 de fevereiro desse ano.
O ano de 2011, como administrador apostólico da diocese, ocupa um novo capítulo, e o 9.º e último é dedicado a Albino Cleto, como bispo emérito de Coimbra, até à sua morte, no dia 15 de junho de 2012. A obra de José António Santos inclui ainda um capítulo com excertos de entrevistas do clérigo, uma detalhada cronologia.
A biografia é abundantemente ilustrada com fotografias que documentam desde momentos oficiais e religiosos, a outros mais descontraídos, entre colegas ou em família.


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