As ‘yields’ dos países periféricos estão hoje em forte queda, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter cortado ontem a taxa de referência para 0,5%.
Os juros das obrigações portuguesas a 10 anos recuam para 5,531%, depois dos 5,641% registados ontem. A queda é extensível a todas as maturidades da dívida no mercado secundário. Também os restantes periféricos estão a beneficiar das decisões da autoridade monetária, que ontem colocou a taxa de referência da zona euro num novo mínimo histórico de 0,5%. As ‘yields’ da dívida espanhola a dez anos caem para 3,973%, enquanto na Irlanda estão a descer para 3,432%.Itália também não foge à onda de descidas, com os juros a dez anos a marcarem 3,732%. Mas não são só os periféricos que estão a beneficiar. As taxas de juro a dez anos de França e Bélgica, por exemplo, estão no valor mais baixo de sempre. E, no caso da Alemanha, os juros da dívida a dois anos entraram em terreno negativo. Além do corte para 0,5%, o presidente do BCE admitiu ontem estar a ponderar outras medidas para promover o crédito bancário no euro e, assim, estimular a economia. Além de um provável novo corte na taxa de referência, Mario Draghi deixou a porta aberta para colocar a taxa de depósitos do BCE (juro que a autoridade monetária paga aos bancos pelos depósitos destes junto de si) em território negativo, o que significaria que os bancos teriam de começar a pagar ao BCE para lá depositar os seus excedentes. A concretizar-se, o BCE estará a pisar território em que nunca entrou desde a sua criação. E se alguns economistas aplaudem a medida, porque será um estímulo para os bancos porem o dinheiro noutro lado, alguns analistas sondados hoje pela Bloomberg mostram receio de que possa levar a um aumento das fugas de capital na zona euro. O BCE também pondera comprar activos dos bancos (asset-backed securities) para estimular o crédito às PME. Ou seja, as instituições financeiras poderiam juntar alguns dos créditos concedidos às PME em pacote e vender esses pacotes ao BCE, ficando assim com mais disponibilidade para novos empréstimos.