Juro a dez anos abaixo de 4,5% antes de nova troca de dívida

Investidores acreditam que taxas implícitas na dívida portuguesa podem baixar mais.

Os juros associados aos títulos de dívida portuguesa caem hoje mais de dez pontos base em todas as maturidades. A ‘yield’ implícita nas obrigações a 10 anos volta hoje a negociar abaixo dos 4,5%, nível abaixo do qual o ministro Rui Machete considerou como determinante para Portugal dispensar um segundo resgate.

Esta evolução acontece na véspera de nova operação de troca de dívida. O IGCP vai tentar convencer amanhã os obrigacionistas a trocar dívida que vence em outubro de 2015 “num montante indicativo sujeito às condições de mercado”, numa operação que acontece nem um mês depois da última oferta do género, realizada no final de fevereiro, e que permitiu o organismo liderado por João Moreira Rato baixar os montantes a amortizar no próximo ano num total de 1.320 milhões de euros para os 13 mil milhões de euros. E na quarta-feira o IGCP contar arrecadar até 1.250 milhões de euros em emissão de bilhetes do Tesouro.

Estas operações de financiamento do Estado português surgem num bom momento para a dívida pública nacional. Os maiores investidores internacionais têm reforçado a aposta no país porque acreditam as taxas implícitas na dívida portuguesa podem baixar mais comparativamente à dívida alemã, deixando de lado Espanha.

“O jogo praticamente acabou para a Espanha face às bunds. A partir de agora, estamos a falar de melhorias marginais comparadas com oportunidade que Portugal e Itália continuam a oferecer”, referiu Yannick Naud, gestor de fundos da Sturgeon, à Bloomberg.

Scott Thiel, da maior gestora mundial de ativos do mundo, a BlackRock, reforça: “Ainda temos pequenas posições em Espanha, mas muito menos do que tivemos no passado. Preferimos agora a dívida portuguesa. Face às avaliações atuais, é um melhor negócio”.

Segundo as contas da Bloomberg, as obrigações espanholas tiveram um retorno de 5% nos últimos três meses, metade dos ganhos registados com a dívida portuguesa. Portugal, no entanto, paga cerca de 130 pontos base a mais que Espanha para pedir emprestado a 10 anos, valor que compara com os oito pontos base de média durante a primeira década da era do euro.

Com a economia a crescer e com o regresso dos investidores à periferia do euro neste início do ano, o Estado português tem procurado reforçar a sua posição financeira, quando faltam poucos meses para o fim do programa da troika. E disto vai depender o formato que o Governo adoptará a partir de maio.


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