Jovens em fuga do interior

Entre 2001 e 2011, os concelhos da região perderam grande parte da população na faixa etária dos 15 aos 29 anos. Os mais afetados foram Celorico da Beira, Pinhel e Mêda, onde o número de jovens desceu quase para metade, revela o INE.

Todos os concelhos da região perderam população jovem entre 2001 e 2011, mas uns muito mais que os outros. Nesta década, os mais afetados pelo êxodo de habitantes com idades entre os 15 e 29 anos foram Celorico da Beira, Pinhel e Mêda, que viram partir quase metade dos seus residentes nesta faixa etária, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) por ocasião do Dia Internacional da Juventude, que se comemorou anteontem.

Estes indicadores revelam que nestes três municípios a perda de população jovem registou uma variação negativa estimada entre -46,3 e -33,6 por cento. Por sua vez, Aguiar da Beira, Almeida, Covilhã, Gouveia, Manteigas, Sabugal, Seia e Vila Nova de Foz Côa perderam entre 33,6 e 26,9 por cento de jovens entre 2001 e 2011. Neste período, a Guarda, Belmonte, Fornos de Algodres, Fundão, Trancoso e Figueira de Castelo Rodrigo foram os municípios menos afetados, apresentando mesmo assim uma variação negativa da ordem dos 26,9 a 20,2 por cento. O INE sublinha que esta diminuição é «um dos indicadores do fenómeno do envelhecimento que atinge a população portuguesa e reflete a redução continuada do número de nascimentos verificada em Portugal». O instituto associa também este fenómeno ao aumento da emigração, lembrando que em 2012 saíram do país cerca de 26 mil jovens, que se transformaram em emigrantes permanentes, e outros 27 mil jovens emigrantes temporários.

No total nacional, a análise do INE revela que apenas seis dos 308 municípios portugueses registaram um aumento da sua população jovem no período estudado. São eles Santa Cruz, na Região Autónoma da Madeira, com um crescimento de 13,9 por cento, Montijo, Albufeira, Mafra, Ribeira Grande e Lagos (aumentos entre os 6,5 e 2,4 por cento). Nos restantes houve uma diminuição significativa, sendo que nalgumas regiões, em especial no interior e no sul do país, o número de jovens desceu quase para metade (menos 46 por cento). Contas feitas, o INE estima que o número de jovens em Portugal diminuiu cerca de meio milhão na última década. Em março de 2011, data do último recenseamento, residiam no continente e ilhas 1.803.391 jovens com idades entre os 15 e 29 anos, menos 21,4 por cento do valor registado uma década antes. Por cá, nesse ano, a Guarda era o concelho da região que apresentava a maior proporção de jovens nessa faixa etária (entre 15,8 e 17,6 por cento). Pelo contrário, Almeida e Sabugal registavam uma situação inversa, com a menor proporção de jovens na população total (entre 9,2 a 13,5 por cento). Os restantes concelhos ficavam-se pelos 13,5 a 15,8 por cento de jovens.

Jovens mais qualificados e desempregados
No estudo divulgado pelo INE fica também a saber-se que atualmente os jovens têm mais qualificações (em 2001 apenas 8,3 por cento tinha um curso superior enquanto em 2001 já eram 14,9 por cento), mas ainda existem muitas situações de abandono precoce de educação e formação: 18,9 por cento dos jovens deixou a escola em 2013. Contudo, apesar do aumento de qualificações, a situação económica dificulta a inserção no mercado de trabalho, uma vez que a taxa de desemprego jovem (26,3 por cento) é quase o dobro da taxa de desemprego total. Entre 2011 e 2013, em média cerca de 55 por cento dos jovens dos 15 aos 29 anos estavam no mercado de trabalho: 40,6 por cento empregados e 14,4 por cento desempregados. Além disso, têm rendimentos do trabalho inferiores à média nacional. Para o INE, estas dificuldades têm condicionado e adiado a decisão dos jovens em constituir família e sair de casa dos pais. «Em 2011, 68,3 por cento dos jovens residia com pelo menos um dos pais e 21,5 por cento tinha constituído a sua própria família enquanto casal», descreve o Instituto Nacional de Estatística.


Conteúdo Recomendado