Investimento de 16 ME no Douro em 5 vinhos e projeto de enotruismo

Três enólogos assinam os primeiros cinco vinhos do Douro da Quinta do Val Moreira, em Armamar, que “até ao final deste ano” irão para o mercado e que fazem parte de um investimento turístico a rondar 16 milhões de euros.

Os vinhos foram apresentados na unidade hoteleira Vila Galé Douro Vineyards, integrada numa propriedade que foi descoberta casualmente durante uma visita à região, segundo relatou o enólogo Bernardo Cabral.

Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo hoteleiro Vila Galé, já produz vinhos no Alentejo, com a marca Santa Vitória, e ambicionava expandir-se para o Douro, tendo logrado comprar uma propriedade com vista para o rio e para um afluente deste, o Tedo, na margem esquerda, após dois anos de intenso “namoro” com o proprietário.

Bernardo Cabral recordou que foi numa deslocação a uma quinta vizinha, do produtor Dirk Niepoort, que ele e os que o acompanhavam avistaram pela primeira vez essa propriedade. Chamava-se Quinta da Amendoeira e estendia-se por 40 hectares.

“Fica num dos recantos mais incríveis do Douro”, enfatiza Bernardo Cabral. O negócio não foi fácil e só ficou fechado dois anos depois porque “o proprietário da quinta não a tinha à venda”.

Quinta da Amendoeira era uma designação que os novos proprietários e os enólogos substituíram por Quinta do Val Moreia depois de uma consulta ao famoso mapa do Douro vinhateiro que o Barão de Forrester elaborou no século XIX. “Queríamos algo com mais significado”, explicou, por sua vez, o enólogo Filipe Sevinate Pinto.

O mapa forneceu-lhes o que procuravam, pois nele se pode ler que a quinta que ali está assinalada se designava Val Moreira. Foi com este nome que o projeto avançou, sendo hoje detido pelos empresários Jorge Rebelo de Almeida, que detém 60% do capital respetivo, e António Parente, com 40%, os quais investiram perto de 16 milhões de euros.

“É um projeto de duas pessoas e tem tudo para correr bem”, acredita Bernardo Cabral

O projeto tem um hotel com 49 quartos, um restaurante e uma adega que já lá existia, uma estrutura subterrânea apoiada num dos lados à encosta rochosa. Daí sairão este ano os primeiros vinhos do projeto, “dois brancos de 2019 e três tintos de 2018”, informaram os seus criadores, Bernardo Cabral, Filipe Sevinate Pinto e o também enólogo Ricardo Gomes.

Os 26 hectares de vinha que ali estão plantados, que incluem “videiras com perto de 70 anos”, não produzem o suficiente para os três enólogos fazerem o vinho com o perfil pretendido, em especial ao nível da sua frescura. “É uma zona quente, próxima do rio, e nós queremos fugir aos vinhos pesados”, explicou Filipe Sevinate Pinto.

A solução tem sido comprar uvas a produtores de Armamar e da Meda com vinhas localizadas em zonas altas. Um dos vinhos que irão para o mercado é o Val Moreira Altitude, que “é feito a cem por cento com uvas da Meda, de uma vinha situada a 734 metros de altitude”. No total, serão comercializadas perto de 60 mil garrafas.

Quase 90 por cento das uvas usadas nos brancos são compradas fora e “cerca de metade das uvas para os tintos” também são de outros produtores durienses, especificou o mesmo enólogo.

Fora da comercialização ficarão os vinhos do Porto da nova referência, porque “as quantidades disponíveis são ainda muito pequenas”. O mais provável é fazerem apenas parte das cartas dos restaurantes dos hotéis detidos pelos dois empresários.

Com vinhos no Alentejo, com a marca Santa Vitória, Jorge Rebelo de Almeida adiantou à Lusa que o próximo objetivo é “entrar nos vinhos verdes”, garantindo, porém, não haver ainda nada de concreto quanto a esse próximo passo.


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