Incêndios: Câmara de Manteigas elogia coragem de sapadores que salvaram bosque de faias

Hoje, pelas 14:00, estavam no terreno 1.652 operacionais, apoiados por 461 viaturas e 17 meios aéreos, segundo o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

O presidente da Câmara de Manteigas elogiou hoje a coragem de seis sapadores florestais que avançaram “sem medo” para uma frente que ameaçava na quinta-feira as faias da Encosta de São Lourenço, ‘ex libris’ da Serra da Estrela.


Perto das 21:00 de quinta-feira, o presidente da Câmara de Manteigas, Flávio Massano, estava na encosta contrária à Rota das Faias, observando sucessivos “focos, chamas e fumo”, sem vislumbrar a ação de qualquer pessoa no terreno, contou à agência Lusa o autarca.


Decidiu seguir para a Encosta de São Lourenço, onde se situa o bosque de faias, juntamente com o coordenador do gabinete técnico florestal de Manteigas, e viu dois sapadores do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que chegaram por volta da mesma hora ao local, e decidiram pegar “em ferramentas manuais, percorrer toda a estrada até ao fundo do vale para limpar a manta morta e impedir que o fogo rasteiro consumisse essa manta”, recordou.


“Aparece logo a seguir um carro dos serviços florestais, com mais quatro sapadores, que ainda tinham alguma água, e avançaram para fazer face a uma forte frente, que seguia pelas copas das árvores”, contou Flávio Massano, referindo que, ao mesmo tempo, ligava para a comando local e regional a pedir “meios com toda a força” para o local.


“Aquelas seis pessoas avançaram sem medo nenhum. Conseguiram parar e atrasar as chamas e poupar as faias. Fizeram um trabalho fantástico. Aquelas faias nunca irão esquecer esse momento”, salientou o presidente da Câmara de Manteigas.


Para Flávio Massano, “aquelas seis pessoas, a avançarem sem hesitar, pareciam um batalhão de 100”.


Posteriormente, acabaram por chegar mais meios e, no espaço de duas a três horas, dezenas de operacionais conseguiram fazer o rescaldo e o combate naquela zona, referiu.


“Manteigas vive da sua natureza, da sua paisagem, da sua biodiversidade e estas pessoas compreenderam isso mesmo. Não hesitaram ao ver um dos principais pontos turísticos e naturais em risco, quando ninguém fazia rigorosamente nada”, sublinhou.


O presidente da Câmara de Manteigas realçou que foi possível preservar “95% do bosque de faias”, mas notou que outras zonas da mesma Rota das Faias sofreram grandes danos, nomeadamente onde há povoações de pinho e pseudotsugas, árvores altamente inflamáveis.


“O percurso em si acabou por ficar muito afetado”, lamentou.


Segundo Flávio Massano, a noite de quinta-feira para hoje “foi mais calma”, explicando que foi a Encosta de São Lourenço, onde se situa a Rota das Faias, que mereceu “mais atenção”.


“Estamos ao fim de sete dias de combate e estamos a chegar a um período de esperança que o incêndio acabe no concelho”, salientou, estimando que tenham ardido perto de cinco mil hectares em Manteigas, concelho que fica no coração da Serra da Estrela.


O incêndio deflagrou no sábado no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e alastrou-se para Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira (distrito da Guarda).


Com início na madrugada de sábado nos concelhos da Covilhã e de Manteigas, o fogo atingiu na tarde de quarta-feira também Gouveia e Guarda e passou na quinta-feira, a meio da manhã, para o concelho de Celorico da Beira.


Hoje, pelas 14:00, estavam no terreno 1.652 operacionais, apoiados por 461 viaturas e 17 meios aéreos, segundo o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.


Conteúdo Recomendado