Uma fotógrafa natural do Porto, que reside em Espanha, expõe na Guarda, a partir de hoje, fotografias de idosos com mais de 65 anos que vivem sozinhos e isolados na região.
A exposição documental de Cecília de Fátima, 29 anos, que assina como Ceci de F., intitula-se “Sós e isolados: Sr F. e Sra. A” e ficará patente ao público no café concerto do Teatro Municipal da Guarda (TMG) até ao dia 24 de março. «Terceira idade, solidão, isolamento, desertificação, cultura rural, Portugal, sazonalidade, documentar, expor e sensibilizar» são «as palavras-chave e os pontos de partida» para a mostra, assinala o TMG. Acrescenta que as pessoas retratadas «são o sr. f. e sra. a.», apenas identificadas pela letra inicial do seu nome, «assegurando assim a proteção de dados que as possam localizar, contra aqueles que possam usá-los para fins criminosos». A exposição retrata um casal com idade média de 75 anos, que vive «numa quinta próxima de uma aldeia do concelho de Seia, de acessibilidade reduzida, apenas possível a pé por cinco quilómetros no interior de um bosque, numa casa sem luz elétrica, sem água canalizada e sem casa de banho», refere o TMG, citando a fotógrafa. A entidade promotora da mostra explica que as fotografias que vão ser expostas «são o resultado de um primeiro conjunto» captado para o projeto “Sós e isolados” que a artista está a realizar. Ceci de F. nasceu no Porto em 1983 e, antes de se dedicar à fotografia, estudou escultura na Faculdade de Belas Artes do Porto, contrabaixo no Conservatório de Música e Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade daquela cidade. A exposição tem entrada livre e pode ser visitada no horário de funcionamento do café concerto do TMG. Em janeiro, a fotógrafa declarou à agência Lusa que teve a ideia de fotografar idosos após ter visto uma reportagem televisiva sobre o acompanhamento que a GNR está a fazer junto de pessoas que vivem sós em Bragança. Cecília de Fátima interessou-se pelo tema e optou pelo distrito da Guarda, tendo pedido àquela força de segurança que a acompanhasse nas deslocações ao terreno e no contacto com quem se encontra naquela situação. «Pedi ajuda à GNR porque tem informação sobre a localização destas pessoas e também porque elas são vítimas de roubos e burlas e são pessoas frágeis que evitam os desconhecidos», justificou. Na primeira fase do projeto, desenvolvido em outubro e novembro de 2012, fotografou oito moradores dos concelhos de Guarda, Pinhel e Seia: três mulheres que vivem sós, um casal e uma viúva que habitam numa aldeia e um casal que vive isolado. A jovem prossegue este mês com a segunda fase do “Sós e isolados”.