O Memorial, inaugurado no âmbito das atividades que assinalam o aniversário de nascimento do filósofo e ensaísta, inclui prémios, diplomas e condecorações que Eduardo Lourenço (1923-2020) recebeu ao longo da sua vida e que legou à Guarda.
Segundo Rui Jacinto, da direção do CEI, o conceito do Memorial tem a ver com “a ideia de memória e da importância que o saber deve ocupar lugar”.
Na sessão inaugural, o responsável referiu que o projeto surgiu “do último gesto de Eduardo Lourenço, quando doou ao CEI o testemunho material dos prémios que recebeu ao longo da sua vida”.
“Achou-se por bem fazer uma pequena mostra que ficasse a testemunhar esse gesto simbólico de cumplicidade íntima com o CEI”, explicou Rui Jacinto.
Da mostra que foi hoje inaugurada “para honrar a memória de Eduardo Lourenço, constam, entre outros, o Prémio Luís de Camões (1996), o Prémio Vergílio Ferreira (2001), o Prémio Pessoa (2011) e o Prémio European Award Helena Vaz da Silva (2016).
Também inclui, entre outras, a Medalha de Mérito Cultural da República Portuguesa (2008), a
Medalha de Ouro da Cidade da Guarda (2008) e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2014).
O espaço expõe, ainda, algumas obras autografadas por Eduardo Lourenço, obras completas do mesmo autor e edições do CEI.
Na mesma sessão, realizada no espaço exterior da sede do CEI, junto da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, disse tratar-se de “um momento relevante para a história” da cidade.
O autarca lembrou que o Memorial resultou da vontade do ensaísta em querer que a Guarda “fosse o fiel depositário do conhecimento que ele produziu ao longo do tempo e dos atos relevantes a nível nacional e internacional”.
Para assinalar a data foi, ainda, apresentada a gravura “Eduardo Lourenço – Heterodoxias” (100 exemplares) e a medalha comemorativa dos vinte anos do CEI (também 100 unidades), ambas da autoria de João Pedro Cochofel.
O CEI é uma associação transfronteiriça que resultou da parceria entre a Câmara Municipal da Guarda, as universidades de Coimbra e de Salamanca e o Instituto Politécnico da Guarda.
A associação foi criada a partir de um desafio lançado pelo ensaísta Eduardo Lourenço – que nasceu em 23 de maio de 1923, em São Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, e morreu no dia 01 de dezembro de 2020, com 97 anos -, na sessão solene comemorativa do Oitavo Centenário do Foral da Guarda, em 1999.
O CEI surgiu em resultado de uma parceria que envolveu inicialmente a Câmara Municipal da Guarda e as Universidades de Coimbra e de Salamanca (Espanha) e, mais tarde, o Instituto Politécnico da Guarda.
A editora Gradiva também anunciou na passada sexta-feira o lançamento de uma antologia com os principais textos de Eduardo Lourenço, considerado um dos “mais marcantes pensadores da cultura portuguesa do século XX”.
“Ver é Ser Visto – Fragmentos Essenciais de Eduardo Lourenço” reúne “ensaios dedicados às principais questões e autores sobres os quais Eduardo Lourenço refletiu”, segundo a editora.
Com prefácio de José Tolentino Mendonça, a obra “resulta de um trabalho de seleção de Guilherme d’Oliveira Martins, um profundo conhecedor da obra do ensaísta e um dos seus amigos mais próximos”.