Grupo investe 5ME em projeto sustentável na área vinícola no Douro Superior

Um grupo empresarial investiu nos últimos oito anos cerca de cinco milhões de euros num projeto vitivinícola sustentável, na quinta de Castelo Melhor, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, no “coração” do Douro Superior.

Foi a região do Douro Superior, na Região Demarcada do Douro (RDD), e no legado da Arte Rupestre do Vale do Côa (ambos Património Mundial da Humanidade, classificado pela Unesco), em plena Rede Natura 2000, que o grupo João Portugal, Vinhos S.A., decidiu implementar o projeto Duorum.

O projeto foi o vencedor europeu do prémio Anderes Wall, atribuído ao melhor projeto de gestão da biodiversidade e paisagem em espaço rural.

Em declarações à agência Lusa Soares Franco, administrador da Duorum, disse que os cinco milhões de euros foram investidos na aquisição de terreno e plantação das vinhas.

A quinta está situada na margem esquerda do rio Douro, numa encosta com paisagens únicas, sobranceira à antiga estação de caminho-de-ferro de Castelo Melhor, no distrito da Guarda.

“Temos cerca de 160 hectares de área, onde já foram plantados cerca de 43 hectares de vinha nova, estando já em curso a plantação de mais 18,7 hectares, aos quais se juntam outros 13 de vinha velha, para além de outras arrendadas”, contabilizou o empresário.

Contudo, a preservação deste território “único” e da sua biodiversidade foi desde o início do projeto uma “prioridade e um motivo de orgulho” para os seus promotores.

Nada é deixado ao acaso, desde a plantação de espécies da flora autóctone aos comedouros e bebedouro para a avifauna existente na região e que são colocados estrategicamente ao longo de toda a propriedade.

Criado em 2007, o projeto DUORUM possui desde o seu início preocupações ambientais no que respeita à preservação da orografia e paisagem ancestral da RDD e à inclusão no meio socioeconómico desfavorecido onde se insere.

Segundo Soares Franco, o projeto tem contribuído para a criação de emprego, atração de visitantes, regeneração do património vitivinícola e ainda preservação das diversas espécies de avifauna raras e ameaçadas presentes na propriedade, em paramilo com os objetivos europeus da rede de parques e áreas protegidas no âmbito da Rede Natura 2000.

Agora os promotores estão em conversações com as Infraestruturas de Portugal (IP) para a concessão da antiga estação de comboios de Castelo Melhor, que se encontra na desativada linha de caminho-de-ferro transfronteiriça que ligava o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) Barca d’ Alva (Figueira de Castelo Rodrigo).

“A ideia passa por criar um espaço junto ao rio Douro, onde se possa desfrutar da quinta e dos seus produtos que vão para além do vinho”, enfatizou.

Já o enólogo João Vidal afirma que há 12 castas diferentes no projeto Duorum (seis tintas e seis brancas), sendo que a aposta passa pela elaboração de vinhos tintos com predominância da touriga nacional.

“O Douro é dos locais mais complicados para plantar vinha divido ao tipo de solo, que é base de rocha e para haver solo é precisar quebra muita pedra com recurso máquina potentes”, explicou.

A Duorum surge da vontade de dois enólogos, João Portugal Ramos e Soares Franco, de desenvolver um projeto vinícola exclusivamente dedicado ao Douro, que se materializa em 10 marcas de vinhos que são exportadas para 24 países com destaque para o Reino Unido, Suécia, Canadá, Estados Unidos da América, Brasil e Angola.


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