«Infelizmente fomos o único Estado-membro que perdeu floresta», disse Capoulas Santos, que apontou para o objetivo de «recuperar 150 mil hectares de floresta na próxima década», referindo ainda os «300 mil hectares de floresta que podem ser potenciados e que estão por aproveitar no nosso país».
O ministro da Agricultura, que falava no âmbito da sessão comemorativa do Dia Internacional das Florestas, que hoje, dia 21 de março, se assinalou em Mação, disse que a visita a este município do distrito de Santarém «visa unicamente exemplificar que é isto que queremos fazer», apontando para o exemplo do «aproveitamento da regeneração natural do pinheiro bravo, com o trabalho que envolve os municípios e as organizações de produtores florestais», entre outros.
O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, esteve em Mação com uma vasta comitiva ministerial, liderada pelo Primeiro-Ministro, António Costa, e em que o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, plantaram diversas árvores, entre azinheiras, medronheiros e carvalhos e assistiram a uma demonstração de boas práticas florestais desenvolvidas no município.
A sessão teve lugar no Alto da Caldeirinha, uma área intervencionada em povoamentos de regeneração natural de pinheiro bravo, tendo sido feita, pela Câmara Municipal de Mação, uma descrição técnica dos trabalhos que tem desenvolvido.
O conceito hoje apresentado ao Primeiro-Ministro consiste num projeto-piloto de gestão total de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), que assenta numa lógica de agregação de todas as pequenas parcelas de terreno e dos seus proprietários, tendo como objetivo estruturar e ordenar a floresta para criar riqueza e proteção contra os incêndios.
O vereador da Câmara de Mação, António Louro, disse que a ideia assenta na «agregação de territórios de minifúndio com um mínimo de mil hectares, ganhando escala e estruturando empresarialmente o conceito de gestão do território, com a abertura a fundos de investimento e com solidez jurídica, respeitando a propriedade privada, e definindo racionalmente modelos de utilização agrícola e florestal dos espaços».
Com 41 mil hectares de área, 122 lugares e aldeias onde residem cerca de 8.000 habitantes e 90% de mancha florestal, o cadastro territorial de Mação identifica mais de 20 mil proprietários de pequenas parcelas de terreno (minifúndio), com 0,7 hectares.
O ordenamento florestal é «uma das maiores preocupações» dos responsáveis autárquicos, face ao historial de grandes incêndios florestais, sublinhou António Louro.
Com o novo modelo, a gestão é única e assegurada pelos técnicos da Associação Florestal do Concelho de Mação (Aflomação) e da Câmara Municipal, além dos proprietários que contribuem com os terrenos e dos investidores que entram com o capital.
«Todos terão direito à sua quota-parte de uma riqueza que o território, devidamente ordenado e protegido, vai gerar», defendeu o autarca, engenheiro florestal de formação, que hoje pediu ao primeiro-ministro que tivesse «a ousadia de elaborar um plano a candidatar ao plano Junker que pode alavancar 300 mil milhões de euros».
Segundo o autarca, «os 500 milhões de euros da União Europeia, a dividir por sete anos, são insuficientes para a reforma que é necessário fazer nas florestas nacionais».