Governo deve “dialogar a sério” com instituições de apoio social diz o bispo da Guarda

O bispo alertou que muitas das instituições “estão hoje a viver de poupanças próprias, que puderam fazer quando os apoios eram mais significativos”.

O bispo da Guarda considerou hoje que o Governo deve “dialogar a sério” com as instituições de apoio social que estão a “passar por dificuldades acrescidas” e ajudá-las a encontrar “caminhos de sustentabilidade”.

Segundo Manuel Felício, as instituições de apoio social de iniciativa privada, que têm acordos de cooperação com a administração pública, são importantes por apoiarem as populações mais envelhecidas” e serem, em muitos casos, “a única oferta de emprego” existente nas localidades.

“Mas a verdade é que elas estão a passar por dificuldades acrescidas, principalmente devido às exigências da legislação em vigor e porque as reformas dos seus utentes, em geral, são muito reduzidas e têm diminuído no seu poder de compra”, refere Manuel Felício na mensagem de Natal que hoje divulgou aos jornalistas.

O prelado diocesano aponta que os apoios estatais para estas instituições “têm diminuído igualmente, mesmo quando os montantes se conservam os mesmos” e “os encargos não param de subir”.

O bispo alertou que muitas das instituições “estão hoje a viver de poupanças próprias, que puderam fazer quando os apoios eram mais significativos”.

“É chegado o momento, por isso, de a tutela do Estado dialogar a sério com estes serviços – se é que os quer, se é que pretende continuar desejar a tê-los – e considerá-los caso a caso, para ajudar a encontrar caminhos de sustentabilidade, onde eles já não existem ou estão em perigo”, defende.

Na mensagem natalícia intitulada “É Natal – Vamos ao Presépio”, o prelado diocesano da Guarda disse que é desejável que o caminho de cooperação, que “tem história feita” e com “resultados muito positivos”, não seja interrompido.

O responsável disse depois aos jornalistas, após a leitura da mensagem que, caso os apoios estatais para as instituições de apoio social não sejam modificados, “muitas delas são insustentáveis”.

Referiu ainda que a situação relatada “afeta mais” as instituições que estão instaladas em territórios do interior do país.

Manuel Felício disse também que os territórios mais desfavorecidos “precisam de todos os contributos para evoluírem”.

“Já não basta segurar os que cá estão. Temos que atrair gente. Sobretudo aqueles que um dia saíram, eventualmente para resolverem a vida na emigração, e [era desejável] que pudessem ter condições para virem aqui fazer vida, porque as nossas terras precisam de todos os contributos para evoluírem”, defendeu.

A finalizar, observou que nos últimos anos a região da Guarda regista “alguns sinais de esperança”, como a criação de “600 empregos” ligados à Plataforma Logística e o Instituto Politécnico ter, este ano letivo, um crescimento “de cerca de 900 alunos”.


Conteúdo Recomendado