Os conterrâneos de José Saraiva Martins, natural de Gagos do Jarmelo, na Guarda, têm alguma confiança na eleição do cardeal para papa, apesar de não integrar o Colégio Cardinalício que vai escolher o sucessor de Bento XVI.
O cardeal português tem mais de 80 anos, pelo que não tem poder de voto [embora possa ser eleito], mas alguns habitantes da sua terra natal ainda desejam que ele possa ser designado chefe da Igreja Católica no conclave que, a partir da próxima terça-feira, se reúne na Capela Sistina para eleição do sucessor de Bento XVI, que resignou no final de fevereiro. O presidente da Junta de Freguesia de Gagos, António Santos, disse à agência Lusa que «a esperança é sempre a última coisa a morrer», acreditando que Saraiva Martins possa ser eleito no próximo conclave. «Em 2005 houve uma grande ansiedade aqui na aldeia», sendo apontando como um dos que tinha possibilidades de ser eleito. «Não foi. Esperemos que seja agora», declarou. O autarca assumiu que a ansiedade é atualmente menor, por o cardeal não poder votar, mas uma eventual eleição do prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos seria «uma grande alegria, tanto para os Gagos como para o concelho, distrito e, até mesmo para o país». A associação do cardeal à aldeia de Gagos é grande, estando o seu nome referenciado em placas na casa onde nasceu e no largo principal. No interior do edifício da Junta de Freguesia também está fixada uma fotografia do mais ilustre dos conterrâneos. Na terra natal de Saraiva Martins, que dista cerca de 20 quilómetros da Guarda, a escolha do próximo papa é conversa obrigatória entre os cerca de 70 habitantes, que estão a acompanhar o processo através da televisão. João Saraiva, 77 anos, primo do cardeal, emigrante em França, que se encontra temporariamente em Gagos, não esconde a alegria que teria com a eleição do familiar para a cátedra papal. «Não podia haver coisa melhor para nós. [Seria] uma grande satisfação para toda a família», disse o primo do cardeal, que lhe costumava ceder a casa para pernoitar quando visitava a aldeia. Maria Fernanda Capelo, 66 anos, também mantém alguma esperança na escolha do patrício para sucessor de Bento XVI: «Como meu conterrâneo, acho que seria uma pessoa excelente para exercer esse cargo». Já Manuel Ventura, 70 anos, que se lembra de Saraiva Martins quando jovem e quando padre, também gostava que o cardeal português fosse eleito papa. O idoso lembra que em 2005 «esteve quase para ser Santo Padre», esperando agora que tal possa acontecer, pois seria «uma grande alegria» para os conterrâneos. Alice Silva, 75 anos, contou ter «ouvido dizer que ele já passou da idade» para ser eleito, mas «gostava» que fosse o escolhido: «Quem é que não gostava de ter assim [no lugar de papa] uma pessoa da terra? Era um grande orgulho». Na aldeia é recordado, com alegria, o dia 15 de agosto de 2007, quando o cardeal ali comemorou os 50 anos de ordenação sacerdotal. José Saraiva Martins nasceu em Gagos do Jarmelo em 06 de janeiro de 1932, foi ordenado padre a 16 de março de 1957, bispo em 1988, ascendendo a cardeal em 2001. Desempenhou o cargo de prefeito da Congregação para a Causa dos Santos entre maio de 1998 e julho de 2008. Saraiva Martins é um dos três cardeais portugueses. Os outros são Manuel Monteiro de Castro e José da Cruz Policarpo.