Futuro vai “exigir muito” aos autarcas e às instituições de solidariedade social

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, considerou que os tempos que se aproximam “vão exigir muito” aos autarcas e às instituições privadas de solidariedade social.

“E se um autarca quiser estar integrado no seu tempo, tem que ter as políticas sociais na primeira linha das suas prioridades”, declarou Santana Lopes, na Guarda, num jantar debate da Academia do Poder Local, promovida pelos ASD e pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, onde falou de “Políticas Sociais”.

Na sua intervenção, também alertou que “nenhum líder partidário ou nacional será digno e, é digno, de estar a exercer as suas funções, se não colocar a agenda social na primeira linha do seu caderno diário ou da sua agenda de trabalho”.

“Hoje em dia há muita gente por esse país fora que está sem esperança” no futuro, disse o antigo primeiro-ministro, referindo que as pessoas contactam as instituições sociais, a quem pedem ajuda, por não terem “nada”.

“Isto é o Portugal de hoje e é por isso que faz tanta impressão ver Portugal perder, tanto tempo, às vezes, com debates que não interessam rigorosamente para nada. Oxalá estejamos todos à altura das nossas grandes responsabilidades para com os nossos concidadãos”, desejou.

Pedro Santana Lopes também se mostrou preocupado com o futuro do país por o Estado estar “como está, com os dias tristes que estamos a atravessar, com o Estado atingido nas suas funções vitais, na Justiça”.

“Pensem nas funções tradicionais do Estado soberano, a política externa, andamos há dez anos a discutir compra de material militar. Eu não vou dizer se bem ou mal, mas a discutir, a propósito da política de Defesa. A política externa, as mais variadas questões, nomeadamente esta, agora, também dos vistos de residência e a relação com outros setores do mundo. A Justiça, a Administração Interna, o setor financeiro”, apontou.

Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia, “o país está atingido, ferido no seu coração, nos seus órgãos vitais”.

“E nós, não o queremos assim, queremos que ele regenere, recupere”, acrescentou.

Como discursava em uma cidade do interior do país, lembrou o encerramento de escolas e de tribunais, e recordou palavras proferidas no congresso do PPD/PSD onde disse que “se existe uma área em que não é compreensível que se afastem serviços, essa área é a da saúde”.

“Como social-democrata custa-me a aceitar que se tenha de demorar tempo a levar pessoas em situação de emergência a hospitais ou centros de saúde distantes”, afirmou.

Se uma ida a tribunal fora do concelho ou do distrito “provoca incómodos, a ida para as urgências, ou mesmo para as Maternidades, não pode levar mais minutos de transporte”.

A iniciativa dos ASD decorre, desde sexta-feira, numa unidade hoteleira da Guarda e terminou, no domingo, com a presença de Pedro Passos Coelho, presidente do PSD.


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