A Fundação Côa Parque (FCP) e os seus trabalhadores prestaram ontem um tributo ao malogrado presidente Bruno Navarro, vítima de doença súbita, no sábado, e comprometem-se a honrar o seu legado, indicou uma nota enviada à Lusa.
A nota de tributo está assinada por todos membros do conselho diretivo da FCP (Domingos Lopes, Lídia Monteiro e Sandra Naldinho) e por Thierry Aubry, responsável técnico científico da intuição, situada em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.
“A Fundação Côa Parque e os seus colaboradores estão de luto pela perda do seu presidente, pela perda de um líder sonhador, criativo, generoso e um amigo”, afirmaram os membros da fundação.
Os subscritores do tributo indicam que, em 2017, Bruno Navarro aceitou o cargo de presidente da Fundação Côa Parque e a difícil missão de reintegrar as gravuras do Vale do Côa no clube restrito dos sítios de arte paleolítica da lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
“Apesar de estar fora da sua zona de conforto, geográfica e intelectualmente, em menos de três anos conseguiu ser apreciado e chamado a integrar equipas internacionais responsáveis pela gestão e divulgação dos sítios de arte paleolítica”, indicam os membros do conselho diretivo da FCP.
A mesma missiva lembrou ainda que, em julho de 2020, Bruno Navarro organizou o regresso de António Guterres ao vale do Côa “e o seu reconhecido mérito na origem da história mais recente daquele território”.
“Bruno Navarro foi ainda convidado a fazer parte integrante da equipa da Ciência Viva”, acrescentaram.
Segundos os promotores do documento, em todo este “percurso foi preciso limpar os trilhos que se tinham perdido e inventar novos caminhos para o Projeto Côa, cujo sonho começou em 1995″, recordaram os membros da FCP.
“As suas decisões devolveram o protagonismo que esta arte de milhares de anos tem, sendo um testemunho ímpar da nossa humanidade, mas que só se pode plenamente revelar se integrado noutras potencialidades de desenvolvimento sustentável”, lê-se no documento
Os subscritores destacaram o espírito empreendedor, irrequieto e visionário e capacidade de agregar diferentes disciplinas, instituições e parceiros, em prol da fundação e do desenvolvimento da região do Côa, de Bruno Navarro.
E manifestaram que, atualmente, “a Fundação Côa Parque é uma referência a nível nacional e internacional, sendo um claro motor desta região”.
Segundo os seus pares, Bruno Navarro, deixou com uma carteira de projetos ambiciosos e transformadores para a ciência, para a cultura e para o turismo.
“Deixa-nos demasiado cedo. Honrar o seu legado caberá a todos e a cada um de nós”, vincaram.
No conselho diretivo da FCP estão representadas as áreas governativas da Cultura, Ciência e do Ensino Superior, Turismo e o município de Vila Nova de Foz Côa.
Bruno José Navarro Marçal nasceu em Coimbra em 1977, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde conclui também o seu Mestrado em História Contemporânea, tendo sido investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa.
Na sua carreira de investigador passou também pelo Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, onde frequentou o Programa Doutoral de História, Filosofia e Património da Ciência e da Tecnologia, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Foi professor no Instituto Superior de Ciências Educativas, integrando ainda o corpo docente de cursos pós-graduados da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Com um percurso político ligado a Vila Nova de Foz Côa, Bruno Navarro foi deputado à Assembleia Municipal e membro da Assembleia da Comunidade Intermunicipal do Douro.
Desempenhou ainda funções na Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, acompanhando as áreas educativa e cultural.