«Fica mais barato fazer a segunda fase do Hospital da Guarda do que não a fazer»

Última reunião do mandato do atual executivo da Câmara da Guarda foi “morna” e marcada pela cordialidade entre maioria e oposição. De “lados opostos da barricada” há alguns meses desde que o então vice-presidente do município assumiu a sua candidatura à Câmara, Joaquim Valente e Virgílio Bento defenderam em uníssono que sairá mais oneroso não […]

Última reunião do mandato do atual executivo da Câmara da Guarda foi “morna” e marcada pela cordialidade entre maioria e oposição.
De “lados opostos da barricada” há alguns meses desde que o então vice-presidente do município assumiu a sua candidatura à Câmara, Joaquim Valente e Virgílio Bento defenderam em uníssono que sairá mais oneroso não fazer a empreitada da segunda fase de requalificação do Hospital Sousa Martins do que não a fazer. Este foi um dos assuntos em destaque na última reunião do mandato do atual executivo da autarquia da Guarda.
Sob o pretexto de um protocolo de colaboração entre cinco entidades que têm estado a desenvolver a estratégia para promover o bioclimatismo na cidade – Câmara, Unidade Local de Saúde, Instituto Politécnico da Guarda, Universidade da Beira Interior e a Guard’ar – Virgílio Bento aproveitou para defender a tese de que «fica mais barato à ARS Centro fazer a obra da segunda fase do Hospital do que não a fazer». O vereador da maioria sem pelouros reforçou que, «se não cumprir o contrato, o que a ARS terá de pagar é muito mais do que a parte que lhe caberá para a fazer». Após a reunião, aos jornalistas, o ex-candidato à Câmara garantiu que no atual quadro comunitário ainda «existem cerca de 10 mil milhões de euros para executar», sustentando que entre esse montante «é fácil arranjar cerca de 50 milhões de euros que era o que estava contratualizado na segunda fase e nesses a ARS Centro teria que disponibilizar cerca de 15 por cento», o que corresponde a 7,5 milhões de euros. Ora, «se não cumprir o contrato, o que a ARS Centro terá que pagar é muito mais que esse valor. É pedida uma indemnização de nove milhões. Não terá só de pagar os dias que a obra esteve parada, os trabalhadores, as maquinarias, o estaleiro, mas terá que pagar também a renúncia do contrato de 50 milhões de euros com os custos que isso tem». A mesma opinião é partilhada pelo presidente do município que recordou que «há muito tempo» que vem dizendo que a segunda fase do Hospital «não se faz porque o Governo não quer, porque seria mais barato fazê-la com a comparticipação comunitária de 85 por cento do que ir para um processo litigioso com os empreiteiros onde seguramente o erário publico fica muito mais sobrecarregado», sustentou Joaquim Valente.
Na reunião realizada na última sexta-feira foi aprovado também o protocolo de cooperação entre o município e a ANJE com vista à abertura de uma delegação da Associação Nacional de Jovens Empresários no Solar dos Póvoas, onde funcionou o Cibercentro, que acolherá simultaneamente uma incubadora de empresas «mais vocacionadas para as novas tecnologias». Rui Quinaz congratulou-se com a assinatura do documento que considerou ser uma decisão «muito importante», até porque ter uma incubadora de empresas era uma «ambição antiga» da Guarda. O vereador da oposição não deixou no entanto de ironizar ao dizer que «foi preciso chegarmos à última reunião para termos uma decisão positiva», mas o «que é importante é constatarmos que finalmente a Guarda vai ter» esta estrutura. Por seu turno, o vice-presidente da autarquia explicou que este foi um processo iniciado em 2012 e que «a seu tempo, se felizmente se desenvolver todo este programa, poderá a médio prazo passar para o Centro Tecnológico na PLIE». O ex-Cibercentro está agora preparado para acolher 10 a 12 micro-empresas e Vítor Santos salienta que o contrato «não tem uma duração fixa», sendo «anualmente renovado», podendo ser denunciado por qualquer uma das partes dentro de um período de dois anos». O vereador frisou que a Câmara e a ANJE estão a dar o «pontapé de saída» a este protocolo, mas o objetivo é que no futuro se venham a juntar «associações comerciais, industriais, IPG, UBI ou outras que se queiram juntar a este processo que é de uma amplitude enorme». A assinatura do protocolo deverá ocorrer ainda durante esta semana e o mês de outubro «será o deadline para se arrancar na prática e funcionalmente com o programa». No período antes da ordem do dia, Rui Quinaz aproveitou para enaltecer o «bom relacionamento» que houve entre maioria e oposição, apesar de alguns «diálogos estimulantes, quentes, mas com respeito». Já Joaquim Valente também agradeceu a uma oposição que «nunca o foi no sentido etimológico da palavra», recordando que «95 por cento do que aqui foi aprovado, foi por maioria», considerando «importante e determinante a ação de todos os vereadores».
Virgílio Bento garante que tinha «tanto eleitorado do PS como do PSD»
No final dos trabalhos, Virgílio Bento voltou a garantir que o movimento independente por si liderado cumpriu «todos os preceitos legais» para poder ser candidato à Câmara da Guarda: «Os partidos sempre foram tolerando os movimentos independentes, desde que eles não interferissem na sua área do poder. No caso da Guarda, quando viram que as sondagens nos davam a vitória os partidos entraram em pânico e, neste caso, nomeadamente o PS tentou por todo o custo impedir-nos de ir a eleições», reforçou o vereador. O ex-candidato lamentou que o PS «de uma forma muito precipitada e superficial pensou que, nós não indo, ganhavam eles as eleições. Pensavam que eu dividia o eleitorado do PS ao meio. Não perceberam que eu tinha tanto eleitorado do PS como do PSD e eleitorado que nunca esteve em partido nenhum». Virgílio Bento sustenta que o «PSD tinha um problema para resolver que se chamava Gondomar e resolveu-o assim e o PS tinha um problema para resolver que se chama Guarda e também o resolveu assim».

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