A escrivaninha do poeta Fernando Pessoa e uma rara primeira edição da “Mensagem” integram, desde ontem, o espólio expositivo do Museu do Pão, em Seia, para aumentar o potencial atrativo do complexo cultural.
Segundo Tiago Quaresma, administrador do grupo proprietário do Museu do Pão, a escrivaninha que pertencia à coleção privada da família de Fernando Pessoa foi adquirida num leilão, juntamente com os óculos do poeta, enquanto a obra “Mensagem” já pertencia ao acervo do museu.
Tiago Quaresma disse, na apresentação das peças que estão expostas na Sala do Pão Político, Social e Religioso, que a empresa “teve a felicidade” de adquirir, em leilão, a escrivaninha de uso pessoal do poeta e os óculos, sendo que estes irão para A Brasileira, no Chiado, em Lisboa, que também pertence ao mesmo grupo empresarial.
O empresário explicou que a escrivaninha e a “Mensagem” foram integradas no circuito expositivo do Museu do Pão por se considerar que “este momento é a grande oportunidade para o interior se afirmar”.
O grupo está presente em todo o país, mas tem ligações a Seia, e decidiu “dar o exemplo”: “E a escrivaninha é a nossa forma de dar um grande exemplo para o que pode e deve ser o interior”.
Acrescentou que a peça, estando numa grande cidade, “seria apenas mais um objeto valioso entre tantos”. Encontrando-se no Museu do Pão, em Seia, “terá o destaque que merece, porque terá todo o espaço para brilhar”, referindo que “não há nenhuma razão para que o interior não possa acolher peças destas”.
“Sendo de cá, achamos que este é o grande momento de puxar pelo interior e este é o nosso contributo”, rematou.
Tiago Quaresma disse ainda que a partir de A Brasileira, em Lisboa, o grupo irá lançar um jornal local ‘online’ que se chamará “A Mensagem da Brasileira”.
O presidente do Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, referiu que a presença da escrivaninha de Fernando Pessoa e da rara edição da “Mensagem” no Museu do Pão irão contribuir para atrair turistas de todo o mundo para a região.
“A Língua Portuguesa é provavelmente um dos veículos maiores em todo o mudo, de podermos não só atrair pessoas, mas motivar as suas visitas, através daquilo que está no nosso ADN. Fernando Pessoa é um dos autores maiores da história de sempre de Portugal”, justificou.
Disse que o Museu do Pão juntou às suas potencialidades ligações ao poeta, o que constitui uma “cereja no bolo”.
“É um motivo de orgulho e de regozijo interpretar o que o Museu do Pão fez, simultaneamente, também, pelo contributo que dá em animar estes territórios. Esta escrivaninha podia estar em Lisboa, em qualquer um dos museus de Lisboa, felizmente está aqui, está em Seia e isso pode muito bem impulsionar a visita de muitos turistas nacionais e estrangeiros”, afirmou Pedro Machado.
Segundo Graça Reis, diretora do Museu do Pão, as peças inauguradas são “raríssimas” e de “valor incalculável, que valorizam a oferta” do espaço.
O Museu também inaugurou hoje a exposição temporária “Poemas para saborear com prazer”, com textos de Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio, Florbela Espanca, Miguel Torga, e Pablo Neruda, entre outros.