O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural foi atribuído, por unanimidade, ao ensaísta Eduardo Lourenço, de 92 anos, anunciou, este domingo, a Estoril-Sol, que instituiu o galardão, em parceria com a editora Babel. O prémio, que é atribuído hoje pela primeira vez, tem periodicidade anual e o valor pecuniário de 40 mil euros, tendo sido criado em homenagem à memória do escritor e político Vasco Graça Moura, falecido em abril de 2014.
O júri do galardão foi presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, do Centro Nacional de Cultura, e, na ata, a que a Lusa teve acesso, lê-se que depois de apreciados os nomes das várias candidaturas propostas, Eduardo Lourenço recolheu “a unanimidade”, em função do seu “percurso intelectual”, que “corresponde inteiramente aos objetivos definidos aquando da criação deste prémio”.
“Trata-se de uma personalidade multifacetada que se singulariza pela coerência entre um pensamento independente e aberto e uma permanente atenção à sociedade portuguesa, à sua cultura, numa perspetiva universalista, avultando a reflexão sobre uma Europa aberta ao mundo e nunca fechada numa qualquer fortaleza encerrada no egoísmo e no preconceito”, lê-se no mesmo documento.
“Em tempos de incerteza trata-se de uma voz de esperança, que apela ao diálogo e à paz, com salvaguarda da liberdade de consciência e do sentido crítico. A sua heterodoxia mantém-se viva e atual em nome do compromisso cívico com a liberdade e a responsabilidade solidária”, afirma o júri em ata.
Realça o júri que “acresce que Vasco Graça Moura manifestou em diversas circunstâncias expressamente a sua admiração pela personalidade de Eduardo Lourenço como intelectual e cidadão, em especial quando foi o principal promotor da candidatura vencedora do ensaísta ao Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988), a propósito da publicação de ‘Nós e a Europa ou as duas razões'”.
“O reconhecimento de uma personalidade largamente consagrada constitui assim, e também, uma homenagem a Vasco Graça Moura, que tanto apreciava a obra e a pessoa de Eduardo Lourenço”, remata o júri.
Além de Guilherme d`Oliveira Martins, que presidiu o júri, este foi composto pela catedrática de Literatura Maria Alzira Seixo, pelo presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, pelo ensaísta Manuel Frias Martins, por Maria Carlos Loureiro, em representação da Direção-geral do Livro, Bibliotecas e Arquivos, pelo escritor Liberto Cruz e, ainda, pelo professor José Carlos Seabra Pereira, em representação da Babel, e por Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
O Prémio Vasco Graça Moura “visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que, ao longo da carreira – ou através de uma intervenção inovadora e de excepcional importância -, haja contribuído para dignificar e projectar no espaço público o sector a que pertença”, segundo o regulamento.
A cerimónia da entrega do prémio “será anunciada oportunamente”, segundo o grupo Estoril-Sol.