Dificuldades encerram Adega de Mêda

Sete funcionários da Cooperativa acolhidos pelo Município Em situação de crise já há algum tempo, a Adega de Mêda acabou agora por avançar com o processo de desactivação. Encerrada desde o final de Março, os funcionários da Cooperativa estão agora integrados na autarquia local. As adegas têm vindo a enfrentar uma crise que levou já […]

Sete funcionários da Cooperativa acolhidos pelo Município

Em situação de crise já há algum tempo, a Adega de Mêda acabou agora por avançar com o processo de desactivação. Encerrada desde o final de Março, os funcionários da Cooperativa estão agora integrados na autarquia local.

As adegas têm vindo a enfrentar uma crise que levou já algumas a ter que fechar as portas. O caso mais recente na região é o da Adega Cooperativa de Mêda, que entrou em processo de desactivação. Com o fim da actividade, quase todos os seus funcionários (sete) foram acolhidos pelo Município local depois de se terem inscrito no Centro de Emprego. “Os funcionários ficaram numa situação de desemprego e a Câmara acolheu-os, dando-lhes trabalho, por forma a que tenham uma nova vida”, explicou o autarca João Mourato.

Há muito que alguns dirigentes do sector cooperativo defendem a concentração/fusão de adegas como uma solução para ultrapassar a crise. Mas, segundo o presidente da UNIDOURO – União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro, continua a faltar regulamentação adequada para dar esse passo. José Manuel Santos lamenta a falta de legislação que permita o acesso aos apoios financeiros necessários.

“A fusão de cooperativas é importante. Poderá ser uma forma de resolver a situação, mas o problema é que nós não sabemos qual é o modelo e que meios poderemos esperar para avançar com essa solução”, diz o dirigente, salientando a necessidade de ficar tudo devidamente definido. Caso contrário, “juntar adegas poderá ser juntar problemas e criar um problema ainda maior”. “Ou há um plano de negócio em que se vislumbre uma maior rentabilidade, menores custos, maior aproveitamento dos meios disponíveis e até a alienação de alguns bens dispensáveis, em conjunto com apoio financeiro, ou então não sei para que servirá essa ideia da fusão”, adianta José Manuel Santos.

Questionado no domingo, na Guarda, sobre este assunto, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, disse que “não há falta de regulamentação”, recusando o que considera ser uma “desculpa”. “As adegas são entidades independentes, têm os seus corpos sociais e são eles que têm que tomar a decisão: se optam por uma fusão, concentração, uma parceria ou se criam uma empresa só para comercializar conjuntamente. Não é preciso legislação, o que é preciso é decisão e não adiarem o problema”, explicou o governante.

Várias adegas com “problemas financeiros complicados”

O presidente da Unidouro revela que são várias as cooperativas que estão a passar por “problemas financeiros complicados”. Na origem dessa situação estão vários factores, nomeadamente a diminuição da produção e do consumo, bem como os investimentos avultados realizados nos últimos anos para responder às exigências do mercado. “E agora não há dinheiro para cumprir o serviço de dívida e também não há dinheiro para pagar aos associados, o que faz com que ‘fujam’ para os locais onde lhes pagam”, dá conta o mesmo dirigente.

De referir que, na região do Douro, já algum tempo que encerrou a Adega de Sanfins do Douro, no concelho de Alijó, juntando-se agora a estrutura localizada na cidade de Mêda e uma outra em Vila Flor. Um encerramento ditado pelas dificuldades financeiras. Entretanto, nos últimos dias ouviu falar-se na possibilidade de o proprietário das “Caves Vale de S. Martinho”, de São João da Pesqueira, vir a adquirir a Adega Cooperativa de Mêda.

Fundada nos anos 50

A Cooperativa de Mêda foi fundada a 19 de Dezembro de 1956, recebendo as primeiras uvas em Setembro de 1958. Nesse ano, 128 associados entregaram 606.976 kg, que produziram 463.551 litros de vinho. Durante o ano de 1959 foram obtidos os primeiros resultados com a venda de 115.920 litros de vinho. Segundo informação no site da Cooperativa, “ao longo dos anos a Adega foi sempre crescendo e evoluindo”, chegando aos 457 associados, com a entrega de uma média de 3.000.000 de kg de uvas, e a uma capacidade de 4.300.000 litros de armazenagem. No ano de 2007, a direcção finalizou um projecto de renovação e modernização, que culminou com na implementação do Sistema HACCP. Desta empresa são conhecidos os vinhos “Angoreta”, “Caves de Meda”, “Fraga Ruiva” “Medalta”, “Morro do Castelo”, “Adega de Mêda” e “Turcularium”.


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