Deputados levam ao Governo reivindicações dos produtores de cereja do Fundão

A região da Cova da Beira, e em particular o concelho do Fundão, no distrito de Castelo Branco, é considerada uma das maiores zonas de produção de cereja a nível nacional.

As reivindicações dos produtores de cereja do Fundão, nomeadamente para que os seguros agrícolas incluam situações de chuva contínua e persistente, vão ser transmitidas ao Governo, assegura o presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente.
“É preciso tomar medidas e iremos intervir, certamente junto do Ministério da Agricultura, com iniciativas também dos grupos parlamentares, no sentido de encontrar mecanismos, sobretudo ao nível dos seguros agrícolas, para que situações destas estejam previstas”, afirmou Pedro Soares, no final de uma visita de 16 elementos das comissões parlamentares do Ambiente, Ordenamento do Território e Descentralização, Poder Local e Habitação e também da Agricultura ao concelho, que decorreu ontem.
Os deputados, que reuniram com os representantes da Cerfundão, a única organização de produtores da região, ficaram a conhecer os investimentos que têm sido realizados na fileira da cereja, mas também as dificuldades que este ano os produtores enfrentam devido a uma quebra de produção muito significativa.
Durante a visita, Filipe Costa, produtor e técnico agrícola, explicou que o frio e a chuva persistente que se registaram na época da floração arruinaram grande parte da produção, provocando perdas que rondam entre os 50% (na zona norte da Gardunha) e os 70% (na zona sul da Gardunha).
A situação está a originar prejuízos muito significativos, principalmente porque os seguros existentes não cobrem situações como chuva persistente e contínua.
Lembrando que no caso da pera rocha, isso já está previsto, os produtores do Fundão reivindicaram o mesmo sistema para a cereja.
A questão dos apoios aos projetos também foi abordada, com um dos representantes da Cerfundão, Paulo Ribeiro, a explicar que esta organização continua à espera da aprovação de uma candidatura apresentada e respeita a um investimento global já realizado de 1,9 milhões de euros.
Paulo Ribeiro sublinhou que a candidatura teve um primeiro parecer favorável, com uma pontuação de 13 pontos, e que foi agora reduzida para 11 pontos, porque o investimento em energia fotovoltaica não terá sido considerado como sendo de eficiência energética.
“Gostava que alguém me conseguisse explicar como é que 180 mil euros de painéis, que vêm poupar 60% da conta de luz nesta casa, não são [uma aposta de] eficiência energética”, disse, garantindo que a Cerfundão vai contestar esta pontuação.
Os membros das comissões parlamentares que participaram na visita anunciaram que vão levar estas questões às reuniões que cada comissão tem com os ministros da Agricultura e do Ambiente.
“Queremos confrontá-los com estas realidades e ter garantias de que é possível melhorar o apoio a esta produção e a esta organização de produtores”, disse Pedro Soares.

O presidente da Comissão de Ambiente destacou ainda a importância de se proceder à revisão dos critérios para a criação das organizações de produtores, que classificou como “muito restritivos”.
Sublinhou, ainda, que a situação das perdas verificadas também se prendem com as alterações climáticas e defendeu que “é preciso adaptar todo o sistema legislativo a estas alterações” que, sendo globais, têm repercussões a nível local.
Quanto a eventuais apoios imediatos, lembrou que já houve grupos parlamentares a avançarem com iniciativas e que é preciso aguardar o desenrolar das mesmas.
A região da Cova da Beira, e em particular o concelho do Fundão, no distrito de Castelo Branco, é considerada uma das maiores zonas de produção de cereja a nível nacional.


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