Marcelo Rebelo de Sousa esteve hoje em Melo, terra natal do autor de “Manhã Submersa”, no âmbito do centenário do seu nascimento.
Aproveitando a presença de um representante da família de Vergílio Ferreira, o Presidente da República manifestou a sua vontade relativamente à casa onde o escritor costumava ficar quando se deslocava à aldeia.
“Olho para a Vila Josefina e estou a imaginá-la como um centro de cultura aberta a tantos e tantas que aqui venham para discutir a obra de Vergílio Ferreira”, para revisitar a sua vida e recordá-lo, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se confiante de que “a família um dia chegará a um acordo com a Câmara Municipal” e que isso acontecerá no seu mandato.
“Ainda no meu mandato aqui virei, portanto, nos próximos quatro anos e meio, para inaugurar aquele centro de cultura Vergílio Ferreira”, sublinhou.
O Presidente da República questionou se Melo é importante porque foi a terra onde nasceu Vergílio Ferreira ou se “Vergílio Ferreira acabou por ser o que foi” porque nasceu nesta aldeia.
“Provavelmente as duas são verdadeiras. Vergílio Ferreira deu a Melo uma projeção por aquilo que recordou e por aquilo que imaginou a partir da recordação, mas também é verdade que a força dessa recordação foi tão presente na sua obra e na sua vida que sem essas raízes essa obra e essa vida não teriam sido o que foram”, considerou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “tendo partido muito cedo e depois regressado regularmente” à aldeia, as referências são muitas: “os locais, os gestos, as narrativas, as recordações do que tinha ouvido até aos dez anos ou daquilo que acabou por mais tarde ouvir e reportar a essa infância”.
Aludindo ao roteiro hoje inaugurado, constatou que em cada sítio se pode encontrar “uma frase, duas frases, três frases que têm a ver com aquele local”.
“Somos levados a acreditar que mesmo os génios mais génios, muito do que são devem às suas raízes: à terra onde nasceram, à família em que nasceram, ao que receberam e impercetivelmente que os foi marcando por toda vida”, sublinhou.