As NUT III que vão formar a nova comunidade intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela voltaram a registar níveis de competitividade muito inferiores à média nacional.
A Cova Beira é a sub-região da Beira Interior melhor classificada no Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (ISDR) de 2010, divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Dois anos antes, o lugar era ocupado pela Serra da Estrela. Contudo, o que não mudou é que as três NUT III que vão formar a nova comunidade intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela voltaram a registar níveis de competitividade muito inferiores à média nacional. Com este índice, o INE pretende avaliar o desempenho das 30 sub-regiões do país nas três vertentes do desenvolvimento – competitividade, coesão e qualidade ambiental. Tal como há dois anos, os resultados confirmam um país partido ao meio, com o litoral mais desenvolvido e competitivo e o interior com melhor qualidade de vida. Por cá, Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Fundão), Beira Interior Norte (nove concelhos do distrito da Guarda) e Serra da Estrela (Fornos de Algodres, Gouveia e Seia) têm os seus melhores registos nos índices de coesão e de qualidade ambiental, sendo que a NUT serrana volta a ocupar a primeira posição da tabela nacional na vertente ambiental e o terceiro lugar em termos de coesão. Mas, para contrabalançar este destaque, a Serra da Estrela é a sub-região do país pior classificada na competitividade. Por sua vez, a Cova da Beira é a NUT da região com mais competitividade, embora se encontre na 21ª posição do respetivo ranking. Nas outras categorias, é 14ª na coesão e sétima na qualidade ambiental. A Beira Interior Norte vem a seguir na competitividade (23ª) e na coesão (15ª), mas na qualidade ambiental pula para o quinto lugar entre as 30 sub-regiões analisadas. Numa análise integrada destas três vertentes, a Cova da Beira ocupa a 12ª posição, com o ISDR 98,11 (era de 97 em 2008), a Serra da Estrela é 16ª, com 97,62 (99), e a Beira Interior Norte 17ª, com 97,52 (95). Todas estão abaixo da média nacional (100), num índice global liderado pela Grande Lisboa (109,46), Cávado (100,75) e Baixo Vouga (100,32). O INE chama a atenção para o facto do índice de qualidade ambiental ter uma correlação quase nula com o ISDR, o que reflete «a inexistência de uma associação entre o desempenho das sub-regiões portuguesas na qualidade ambiental e o respetivo desempenho no índice sintético de desenvolvimento regional». Já a competitividade e a coesão apresentavam «uma correlação positiva com o índice sintético de desenvolvimento regional (de 0,7, em ambos os casos)», constata o INE.
O que o INE avaliou
O índice de competitividade pretende captar quer o potencial de cada sub-região para um bom desempenho (recursos humanos, infraestruturas físicas), quer o grau de eficiência na trajetória seguida (medido pelos perfis educacional, profissional, empresarial e produtivo) e, finalmente, a eficácia na criação de riqueza e na capacidade demonstrada pelo tecido empresarial para competir no contexto internacional. Já a coesão está associada ao grau de acesso da população a equipamentos e serviços coletivos básicos de qualidade, aos perfis conducentes a uma maior inclusão social e à eficácia das políticas públicas traduzida no aumento da qualidade de vida e na redução das disparidades regionais. A qualidade ambiental procura captar as pressões exercidas pelas atividades económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente, os respetivos efeitos sobre o estado ambiental e as consequentes respostas económicas e sociais (em termos de comportamentos individuais e da implementação de políticas públicas).