Cerejas do Fundão valem 20 milhões de euros e atraem 135 mil turistas por ano

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O Fundão está a promover excursões turísticas sob o mote “É tempo de cerejas”. E as cerejas estão a fazer crescer a economia regional.

Não valem o seu peso em ouro, mas quase. Do Fundão para todo o país, a preços que por estes dias variam entre os três e os quase seis euros por quilo, as raras e muito cobiçadas cerejas tornam-se em junho no fruto mais desejado. As do Fundão já têm fama, movem multidões e geram milhões de euros para a economia local, mais precisamente 20 milhões de euros. Diz a Câmara Municipal do Fundão que este é o peso real da cereja na economia da região, um setor em crescimento que dá emprego a cerca de 1500 pessoas. Atraídos sobretudo pelas cerejas, cerca de 135 mil turistas visitam o Fundão por ano, muito graças ao investimento financeiro de 70 mil euros que tem sido feito pelo município na promoção do concelho como destino turístico, sob o mote “Fundão: 365 dias à descoberta”. Com 300 habitantes, a freguesia de Alcongosta, em plena Serra da Gardunha, é a verdadeira capital da cereja do Fundão.

Entre 9 e 11 de junho, Alcongosta vai ter mais uma Festa da Cereja, com 100 barraquinhas para receber mais de 250 autocarros cheios de turistas. Ao longo dos três dias de festa está prevista a venda de 40 mil caixas de cerejas. Miguel Batista, presidente da Junta de Freguesia de Alcongosta, explica o fenómeno: “Só a marca cereja do Fundão já vende”. A economia da cereja atrai também investidores de outras regiões, interessados em “colher os frutos” deste fenómeno de vendas. “Há alguns anos pensei que a freguesia ia ficar despovoada, mas há pessoas a regressar e a investir na cereja, porque vale muitos milhões”, diz o autarca, que em breve inaugurará a nova Casa da Cereja.

Com São Pedro a ajudar, 2017 é já um bom ano para a cereja do Fundão, tanto em qualidade como em quantidade. Na Cerfundão, uma organização empresarial de produtores, são processadas por hora até cinco toneladas de cerejas, num total diário que pode chegar às 50 toneladas em plena época alta, entre junho e julho. Ali, toda a cadeia de valor da cereja, desde o pomar ao consumidor final, assume contornos profissionais e de negócio. “Trabalhamos com mercados exigentes e é isso que nos diferencia do vendedor da rotunda. Cada cereja pode ser rastreada até ao pomar”, diz Luís Pinto, diretor comercial da Cerfundão. O CEO, José Pinto Castello Branco, acrescenta: “Dizem que a nossa cereja é cara, mas nós garantimos a qualidade da marca”. Depois de um investimento de dois milhões de euros num moderno calibrador que separa as cerejas por peso e cor, a Cerfundão apresenta hoje uma faturação entre 3 e 4 milhões de euros que confirma a “rota de crescimento muito acelerado” da empresa que começa agora a apostar também na nova coqueluche da região: o exótico mirtilo. Apesar da “esmagadora maioria” ser vendida no mercado nacional, as cerejas são exportadas também para o Dubai, Macau, Brasil, Noruega, Luxemburgo, entre outros. Para 2017, o objetivo da Cerfundão está traçado: chegar ainda mais perto da marca total de mil toneladas de cerejas processadas. “Toda a cereja que temos já está vendida. A procura ainda é muito maior do que a oferta”, refere Luís Pinto. Com o turismo em franco crescimento, novas unidades hoteleiras têm surgido para quem quer ver as cerejas no seu ambiente natural, como é o caso do turismo rural Cerca Design House, inaugurado há dois anos na aldeia de Chãos. Com uma lotação máxima de cerca de 40 pessoas, desde março que esta unidade hoteleira tem a lotação esgotada para o dia mais procurado de todo o calendário: 10 de junho, o sábado da Festa da Cereja. E a lista de espera não para de aumentar. Os mesmos proprietários deste turismo rural vão inaugurar no início de 2018 o Convento do Seixo Design Hotel & Spa, no Fundão, com 20 quartos e quatro vilas à disposição dos turistas que não param de chegar à Cova da Beira. Madalena Rolão, de 67 anos, já tem a sua agenda cheia para todos os fins de semana de junho e julho. Além da produção de cerca de 20 a 25 toneladas de cerejas que saem anualmente dos 5 hectares que cultiva em Alcongosta, ao sábado e domingo ainda recebe excursões de visitantes de todo o país, que percorrem centenas de quilómetros só pelo privilégio de ver as cerejas de perto, colhê-las e prová-las diretamente da árvore. “É um fruto especial e único em sabor, aqui na nossa região”, garante a produtora.


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