O Centro Interpretativo Ephraim Bueno, inaugurado na terça-feira, em Figueira de Castelo Rodrigo, coloca aquele concelho do distrito da Guarda na rota do turismo judaico, disse hoje à agência Lusa o presidente do município.
Segundo Paulo Langrouva, o centro interpretativo que tem o nome de Ephraim Bueno (1599 – 1665), um judeu da terra que foi médico, físico e astrónomo, e que teve um percurso profissional “muito importante” na Holanda, é um “investimento importante” para a dinamização do turismo judaico concelhio.
“Estamos a dar ênfase a um projeto ligado ao roteiro judaico que queremos instituir, porque há vários vestígios dispersos pelo concelho e queremos potenciar o turismo judaico”, disse o responsável, à agência Lusa.
De acordo com Paulo Langrouva, existe património judaico no centro histórico de Figueira de Castelo Rodrigo, na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo e em localidades como Mata de Lobos e Algodres, entre outros locais.
O novo Centro Interpretativo Ephraim Bueno “será a peça principal do roteiro” que o município pretende estabelecer em torno da temática da herança judaica.
O equipamento cultural, que foi inaugurado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, no âmbito das comemorações do Feriado Municipal, situa-se no centro da vila de Figueira de Castelo Rodrigo, num edifício que era propriedade do município.
Na requalificação e adaptação do imóvel às novas funções, a autarquia investiu cerca de 150 mil euros e terá um financiamento europeu na ordem dos 75 mil euros.
O espaço, que tem uma pequena área para funcionar como sinagoga e várias salas expositivas, apresenta ao público, entre outros artigos e peças, a réplica de um quadro de Ephraim Bueno, pintado por Rembrandt (o original encontra-se num museu da Holanda), e a árvore genealógica da família daquele médico judeu.
O município de Figueira de Castelo Rodrigo também celebrou o Feriado Municipal, que é evocativo da Batalha da Salgadela, com a inauguração do Centro Interpretativo da Torre de Almofala.
Segundo o presidente da autarquia, a Torre de Almofala, que está classificada como monumento nacional desde 1977, é “um monumento importantíssimo”.
A inauguração do centro interpretativo insere-se na estratégia autárquica de criar “uma rede de turismo” concelhia que permita “que as pessoas pernoitem [no território] uma a duas vezes por visita”, de acordo com Paulo Langrouva.
A obra foi realizada no âmbito de uma candidatura no valor de cerca de 500 mil euros e com uma comparticipação comunitária na ordem dos 400 mil euros.
Segundo o município de Figueira de Castelo Rodrigo, em antigas escavações arqueológicas realizadas junto da Torre de Almofala foi encontrada uma ara votiva do Casarão da Torre, que apresenta a inscrição “CIVITAS COBELCORVM”.
“Pode entender-se como uma referência à capital dos Cobelcos, um povo de que não havia referência. O achado leva a supor que terá existido no local uma povoação de certa importância”, indica.
O município de Figueira de Castelo Rodrigo está também a ultimar o projeto do Centro Interpretativo da Batalha de Salgadela, travada a 07 de julho de 1664, que deverá ficar concluído até ao final do ano.