D. Manuel Felício reagiu com surpresa à resignação do papa Bento XVI, considerando que protagonizou «um pontificado riquíssimo para a Igreja e para o mundo».
Numa nota enviada à agência Lusa, o bispo da Guarda refere que «o mundo foi surpreendido» na manhã de segunda-feira, tal como ele próprio, pela decisão de Bento XVI de renunciar ao ministério de bispo de Roma. «Em si mesmo, este ato de renúncia, temos de o considerar um gesto verdadeiramente profético, indicador da coragem com que toda a Igreja [Católica] tem de saber percorrer os caminhos novos que o Evangelho e os sinais dos tempos lhe traçam», afirma o prelado diocesano. Na opinião de Manuel Felício, Joseph Ratzinger «foi um papa de coragem, não só pela forma como soube enfrentar graves problemas que aconteceram, durante o seu pontificado, na vida da Igreja, mas também porque tomou a iniciativa de tratar, com a competência que lhe é reconhecida, temas da máxima importância para vida das pessoas e da sociedade, mas que a agenda da cultura dominante teima em esquecer». «É o caso do tema de Deus e o seu caráter decisivo para a realização das pessoas e mesmo a construção de uma sociedade com verdadeiro rosto humano», aponta o bispo da Guarda. O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou esta segunda-feira, durante um consistório no Vaticano, a sua resignação a partir do dia 28 de fevereiro devido «à idade avançada». Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice. O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).