BE quer que Câmara da Guarda emita parecer desfavorável à exploração de lítio

O Bloco de Esquerda (BE) quer que a Câmara da Guarda emita um parecer desfavorável ao Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio, que está em consulta pública e que abrange aquele concelho.

“Não é possível que a saúde das populações residentes e a biodiversidade sejam protegidas de alguma forma que não seja a completa oposição a este programa e à forma como foi conduzido”, apontou o BE da Guarda em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

O BE salientou que se opõe a qualquer uma das propostas apresentadas para a exploração de lítio e explicou que enviou um conjunto de questões ao Município da Guarda para saber qual a posição oficial que a entidade tem sobre a temática e se já tomou posição na consulta pública que está a decorrer.

Nas questões também pergunta se o município divulgou junto das populações a existência da consulta pública e se envolveu a comunidade para a tomada de posição.

No comunicado assinado por Bárbara Xavier, que é eleita na Assembleia Municipal da Guarda, é ainda salientado que os conceitos como “fixar pessoas no interior” ou “valorizar o território” e “desenvolver a Guarda” têm de se cumprir todos os dias e que a Guarda é também “o seu ar, solo, as suas rochas, as suas matas, rios e respetivos afluentes”.

“O concelho da Guarda tem o privilégio de ser percorrido por cinco rios, composto por um solo fértil, uma paisagem de montanha de perder de vista e um ar com um índice de pureza e qualidade que lhe valeu primeiramente o sanatório Sousa Martins e mais recentemente a classificação de ‘Cidade Bioclimática Ibérica’. Podemos e devemos usufruir dos recursos naturais que a nossa região nos proporciona, investindo em projetos que valorizem o território a curto e longo prazo”, apontou, salientando que esses projetos não passam pela exploração mineira.

O BE defendeu que “as carências económicas e profissionais não podem ser desculpa para a exploração descontrolada destes territórios” e vincou que não há ‘royalties’ que se possam comparar às consequências que as explorações podem ter nas populações, acrescentando ainda que, por estar em causa um processo “largamente mecanizado”, a criação de postos de trabalho será “praticamente nula”.

“A metodologia proposta é de mina a céu aberto. Vulgarmente conhecida pela utilização de equipamentos ruidosos, explosivos e a presença de poeiras tóxicas, o impacto na qualidade do ar, solo, água e consequentemente da saúde local e atividades que pressupunham a utilização de recursos naturais para consumo (sejam elas atividades agrícolas, de exploração animal, captações de água para consumo ou termas) é inegável”, acrescentou.

Para o BE, “o desenvolvimento deste concelho, concelhos vizinhos e do interior em geral nunca será real se o plano de futuro continuar a incluir propostas com rendimentos a curto prazo e consequências a longo prazo”.

“Precisamos de emprego não precário e de investimento, mas não caímos no engodo de que ele virá de uma atividade que logo à partida implica consequências irreparáveis no território e para as pessoas que o habitam”, fundamentou.


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