O presidente da Câmara de Vagos (distrito de Aveiro), Silvério Regalado, espera que do Conselho de Ministros saia “um pacote legislativo com medidas concretas de combate aos incêndios que assolaram o país e que têm constituído um verdadeiro terrorismo social exercido sobre os portugueses”.
“Este pacote legislativo devia ter sido publicado logo a seguir à tragédia de Pedrógão. Perdeu-se muito tempo. As medidas chegam tarde, sobretudo para as cem pessoas que perderam tragicamente a vida”, salientou.
O presidente do município de Mira (Coimbra), Raul Almeida, tem “pena que se tenha perdido tanto tempo” e espera medidas de apoio às populações afetadas pelos incêndios, assim como “definições e medidas de estratégia para prevenção e combate” aos fogos.
O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, disse esperar que o Governo “trace uma nova estratégia para a florestação” das áreas ardidas em Portugal.
“Esta floresta não serve. Gostaria que não houvesse nenhum eucalipto no meu concelho”, declarou à agência Lusa o autarca, advertindo que aquela espécie exótica “é o maior amigo dos fogos, um combustível como a gasolina, com projeções a vários quilómetros” que são responsáveis pela multiplicação dos incêndios florestais.
Em Oliveira do Hospital e em Seia, concelhos vizinhos nos distritos de Coimbra e Guarda, respetivamente, já foi realizado o cadastro das propriedades florestais e agrícolas, o que leva José Carlos Alexandrino a propor que o Governo desenvolva nestes municípios um “projeto pioneiro” que venha a “testar uma nova florestação” com folhosas, como carvalhos e castanheiros.
Também o presidente da Câmara de Alcobaça (Leiria), Paulo Inácio, espera que “haja, efetivamente, coragem política” para serem tomadas, “de uma vez por todas, medidas importantes de mudança de paradigma da floresta no país”.
“Espero também que se olhe para a Proteção Civil pensando, eventualmente, que o modelo está esgotado e que temos que implementar um novo modelo”, acrescentou.
O presidente cessante da Câmara da Marinha Grande (Leiria), Paulo Vicente, defendeu que o Governo tem de olhar para a floresta e para o combate aos incêndios de forma a fazer-se “uma análise bastante cuidada”, tomar “consciência do que correu menos bem e, com esta experiência de desastre, avançar com novas medidas”.
Diogo Mateus, presidente da Câmara de Pombal, não tem “a expectativa de que se faça a reforma da reforma da floresta” no Conselho de Ministros de sábado, porque “há um tempo para que as coisas possam acontecer e decorrer com naturalidade”.
O autarca do norte do distrito de Leiria defendeu que tem de ser definida “uma hierarquia sobre os princípios que devem ser regidos pelo Governo”.
“Isto é, o que deve, na ótica do Governo, pesar mais sobre este interesse difuso, que é a segurança, a defesa do país e a proteção civil, relativamente àquilo que é a propriedade de cada um”, afirmou Diogo Mateus.
Fernando Marques Jorge, presidente da Câmara de Oleiros (Castelo Branco), concelho atingido por vários incêndios este ano, espera que sejam tomadas medidas semelhantes às que foram tomadas em junho, na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande.
“Acho que estes concelhos [afetados no fim de semana] têm que ter as mesmas condições, assim como é obrigatório que se simplifique o apoio aos pequenos agricultores. As regras têm que ser as mesmas, somos todos portugueses”, realçou.
O primeiro-ministro anunciou no dia 11 de outubro que o Governo vai reunir-se neste sábado em Conselho de Ministros extraordinário para analisar e tomar medidas com base nas conclusões do relatório da comissão técnica independente sobre os incêndios na região Centro, em junho.
No passado fim de semana, violentos incêndios atingiram vários concelhos da região Centro e Norte do país, provocando a morte a pelo menos 43 pessoas e inúmeros prejuízos.