“Este é o momento certo para afirmar o Parque Natural da Serra da Estrela para o futuro. É um tempo de oportunidades, a fase certa para podermos assistir a uma mudança de paradigma”, sustentou Flávio Massano, esta manhã, em Manteigas, na sessão comemorativa do 48.º aniversário do Parque Natural da Serra da Estrela e 4.º aniversário do Estrela Geopark Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O autarca referiu que o incêndio de 2022 trouxe uma nova discussão sobre aquilo que deve ser o Parque no futuro e que apostas é que devem ser feitas.
Flávio Massano apontou o Programa de Revitalização da Serra da Estrela, o modelo de cogestão do Parque em preparação e o facto dos seus seis municípios terem finalmente conseguido conversar e definir uma estratégia.
A coordenadora científica do Estrela Geopark, a investigadora da Universidade de Coimbra Helena Freitas, também concorda que a Serra da Estrela vive um “momento importante” e com oportunidades que “devem ser colocadas em cima da mesa”.
A responsável defendeu, durante a sessão, realizada no Parque Ambiental da Fábrica do Rio, em Manteigas, que “há a obrigação de apontar caminhos e construir em conjunto soluções”.
Helena Freitas destacou os 155 milhões de euros previstos no Programa de Revitalização, defendendo que “sem economia, não há pessoas”.
À agência Lusa, a coordenadora científica do Geopark disse ser necessário modelos de governança que tornem as oportunidades mais visíveis e que os cidadãos também as percebam.
Helena Freitas realçou a mais-valia do modelo de cogestão adotado para o Parque.
“É um modelo de participação ativa nas escolhas e é exatamente isso que precisamos. Este modelo representa uma escolha das comunidades, respeito pela biodiversidade, pelas tradições e que nos coloca comprometidos com uma estratégia de desenvolvimento, mas em harmonia com os recursos naturais.
A diretora regional da Conservação da Natureza e Florestas do Centro, Fátima Reis, corroborou a ideia de que o Parque está “num momento muito bom”, tendo em conta a existência de ferramentas e de estatutos que vão projetar o território. “Temos todas as condições para que se promova este território”, sublinhou a dirigente.
Para Emanuel de Castro, da Associação Geopark Estrela, o território enfrenta desafios para ter a capacidade de preservar o património e para inverter a tendência demográfica.
“É necessário que os territórios sejam mais atrativos para fixar pessoas. Não há Geopark sem pessoas”, sustentou.
Sobre a importância do Estrela Geopark, Emanuel de Castro evidenciou que nunca se estudou tanto nem se fez tantos trabalhos científicos sobre a serra da Estrela como hoje.
“A classificação [da UNESCO] veio permitir trabalhar muito na área científica e na área da educação e olhar o território como um todo”, assinalou.
O Parque Natural da Serra da Estrela é a maior área protegida do país abrangendo os concelhos de Celorico da Beira, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia (distrito da Guarda) e Covilhã (distrito de Castelo Branco).
O Estrela Geopark, classificado pela UNESCO, desde julho de 2020, tem uma área de 2.216 quilómetros quadrados (km2), pertencentes a nove municípios dos distritos da Guarda, Castelo Branco e Coimbra (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Seia e Oliveira do Hospital).