Vencedores da 13ª Edição do concurso nacional Poliempreende já foram anunciados

O Poliempreende é um concurso nacional de ideias de negócio que pretende estimular o empreendedorismo e proporcionar saídas profissionais através da criação do próprio emprego.

Os Institutos Politécnicos portugueses distinguiram esta 5ª-feira os melhores projetos de inovação e empreendedorismo saídos das suas escolas, destacando tecnologias como um dispositivo que pode evitar milhares de infeções hospitalares ou um ‘software’ de áudio que já chegou a Hollywood.

O Poliempreende, que já vai na 13.ª edição, e que envolve 19 instituições de ensino superior de cariz politécnico, entregou hoje os prémios aos vencedores da edição deste ano, distinguindo projetos na área da tecnologia, da saúde, do bem-estar e da gastronomia, numa cerimónia que decorreu em Lisboa, na sede do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos.

O 1.º prémio foi entregue a uma equipa de alunos, professores e investigadores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, criadores do dispositivo ‘ClikTime’, um alerta visual para o ‘fim de vida’ de um cateter venoso periférico em uso por um doente, com um potencial de evitar infeções hospitalares frequentes, e que já está patenteado.

Com a aplicação que se pretende acoplar aos cateteres em uso pelos doentes, este consumível hospitalar – que tem um prazo máximo de vida, quando em uso por um doente, entre 72 a 96 horas – vai mudar de cor, alertando os enfermeiros para a necessidade de o substituir, evitando-se assim as infeções hospitalares decorrentes das falhas de controlo de tempo.

Tiago Silva, enfermeiro em Coimbra e um dos membros da equipa de investigação que desenvolveu o ‘Cliktime’, referiu que seis milhões de cateteres periféricos são usados anualmente em Portugal, por cerca de 85% dos doentes que recorrem aos serviços de saúde. O seu uso aumenta em 70% o risco de contrair uma infeção hospitalar.

O dispositivo precisa agora de passar por um conjunto de aprovações e certificações necessárias na área da saúde até que esteja em condições de ser comercializado.

O 2.º prémio distinguiu o projeto Be-Cone, a criação de um cone feito de uma massa de farinha de alfarroba, sem glúten e sem açúcar, para usar como ‘invólucro’ dos mais variados recheios, num conceito de comida de rua ‘gourmet’ e saudável.

O projeto de Eloísa Paulino e Sara Alcântara, estudantes de mestrado da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, levou seis meses a desenvolvê-lo e, segundo as criadoras, que estão agora a trabalhar no lançamento da empresa, pode chegar ao mercado já no próximo verão.

Filmes como “Steve Jobs”, “Batman vs. SuperHomem”, “Tartarugas Ninja II”, “Dia da Independência II” ou o mais recente “Caça-Fantasmas” são alguns exemplos de filmes onde já foi utilizada a tecnologia de software de áudio saído de um projeto de investigação do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), vencedor do 3.º prémio do Poliempreende deste ano, uma marca registada que já chegou aos estúdios de cinema de Hollywood há dois anos.

Nuno Fonseca, professor do IPL e um dos investigadores que criou o ‘Sound Particles’, explicou à Lusa que o ‘software’, que utiliza sistemas de partículas, permite criar de forma fácil e rápida milhares de sons que podem ser usados em simultâneo, criando efeitos sonoros complexos.

“É uma abordagem da computação gráfica ao som”, disse o investigador, que referiu que quanto “mais épico é o filme, quantos mais milhares de coisas acontecem ao mesmo tempo, mais evidente é o potencial do ‘software’” e que isso explica que os estúdios tenham recorrido à tecnologia portuguesa sobretudo para a pós-produção áudio de filmes de ação.

Do cinema, o ‘Sound Particles’ já saltou também para o teatro, tendo sido usado em peças em Nova Iorque, para o universo da tecnologia 3D (a três dimensões), com destaque para os videojogos – está agora a ser testado pela Playstation, uma das consolas de jogos mais vendidas no mundo – e para os parques temáticos da Disney.

O ‘Sound Particles’, gratuito para universidades e alunos, e que está presente em instituições de renome como Harvard, Stanford ou Carnegie Mellon, está também disponível para compra na plataforma de aplicações da Apple, e, entre dezembro de 2015 e julho deste ano, já permitiu faturar 40 mil euros, um retorno que Nuno Fonseca diz ser o resultado de uma gestão de “pura carolice”, uma vez que só agora se prepara para estruturar uma empresa à volta do ‘software’ que criou e que, entre outras coisas, já lhe permitiu conhecer um dos seus ídolos.

Quando há dois anos esteve nos Estados Unidos a apresentar a tecnologia numa conferência, Nuno Fonseca foi convidado pelos estúdios de George Lucas, criador da saga “Guerra das Estrelas”, a apresentar-lhes o ‘Sound Particles’, tendo conhecido Ben Burtt, o criador dos sons desses filmes.

O Poliempreende distinguiu ainda com o prémio de empreendedorismo o projeto ‘SIGAme’ desenvolvido por Bruno Matias, do Politécnico de Castelo Branco, que pretende levar aos lares de terceira idade uma tecnologia que permitir ‘seguir’ o trajeto dos medicamentos, criando registos de ‘stock’ e de administração de medicamentos.

O Poliempreende, que promove o empreendedorismo nos politécnicos do país, e que este ano foi coordenado a nível nacional pelo instituto de Setúbal, recebeu mais de cem candidaturas, das quais 19 passaram da fase regional à final nacional, e os três primeiros classificados recebem prémios de dez mil euros, cinco mil e três mil euros, respetivamente. O prémio de empreendedorismo recebe 2.500 euros. Houve ainda duas menções honrosas.

Das 12 edições anteriores resultaram 1.105 projetos, com a participação de 3.209 alunos, tendo sido criadas 62 empresa.


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