«As pessoas não se sentem bem no mercado municipal»

A praça da Guarda tem atualmente menos procura do que em tempos ainda “vivos” na memória dos comerciantes.O sábado continua a ser o melhor dia da semana para os comerciantes do mercado municipal da Guarda, ainda que sem a agitação de outros tempos. A presença de clientes e vendedores está bem longe de preencher o […]

A praça da Guarda tem atualmente menos procura do que em tempos ainda “vivos” na memória dos comerciantes.O sábado continua a ser o melhor dia da semana para os comerciantes do mercado municipal da Guarda, ainda que sem a agitação de outros tempos. A presença de clientes e vendedores está bem longe de preencher o espaço, marcado por corredores pouco movimentados e bancas vazias, sobretudo no andar superior e nas traseiras; onde os produtos hortícolas faziam parte da rotina semanal dos agricultores das proximidades. Os apertos e a “confusão” são agora memórias de um passado que os comerciantes ainda lembram – e querem recuperar.
«Eu fui aqui criado, mas neste momento vejo o mercado muito mal», disse Sérgio Lourenço a O INTERIOR. O comerciante, que tem uma banca de fruta, considera que «isto está a diminuir bastante de dia para dia», pelo que é preciso «fazer obras, começando por juntar todos os vendedores no primeiro piso». Na sua opinião, a solução não passa pela saída da praça, mas antes por «outra figura»: «As pessoas não se sentem bem no mercado municipal. A praça precisa de uma cara lavada: é o que se tem feito a nível nacional, tem-se remodelado e criado um ambiente que não temos aqui», considera. Também Agostinho Cruz, alguns metros ao lado, defende um espaço mais acolhedor: «Ter o mercado num só piso era talvez a única solução, de maneira que as pessoas chegassem e se sentissem bem», refere. Junto à sua banca de frutas e hortícolas, o comerciante mostra-se apreensivo na hora de comentar a atualidade do mercado municipal: «Aos sábados ainda se movimenta um bocadinho, no resto da semana é complicado», sublinha. «Falta dinheiro e o tempo por vezes é incerto, então condenam-nos porque não há matéria barata para se vender», justifica Agostinho Cruz. Mudar não seria a primeira opção deste vendedor, mas poderia acontecer caso se tratasse de um «espaço bom» ou de um mercado «de 15 em 15 dias no centro da cidade». No andar superior do mercado municipal vive-se uma realidade diferente. O movimento de clientes no piso da entrada contrasta com corredores vazios e bancas de “resistentes” entre as muitas que já estão vazias. «Era muito melhor estarmos todos juntos, porque a maior parte das pessoas não vem cá acima», lamenta Maria Cairrão, cujo negócio está na zona da charcutaria. «Estamos aqui sozinhas e não precisávamos nem metade deste espaço», acrescenta, dizendo também que o horário do mercado não agrada, já que grande parte dos dias se passam quase sem clientes: «Se durante a semana fechasse às 15 horas era muito melhor, pois os clientes vinham mais cedo. Assim, tenho que ficar até às 18 horas e muitas vezes para nada», indica.
Por sua vez, José Figueiredo, sentado junto às suas flores, rejeita a ideia de que o mercado é grande de mais: «Não é um “monstro”, mas lá em cima está mal dividido, deviam vir cá para baixo. Assim abriam outras casas aqui, como a Loja do Cidadão ou os SMAS, porque a construção é muito boa», sugere o comerciante. Todavia, o mercado «está feito há 30 anos e nunca houve uma “pintadela” nem nada. Tem alguma falta de arranjo», atesta. O florista deixa outra sugestão: trazer a feira mensal, realizada na zona da Quinta do Ferrinho, para o exterior da praça: «Dava mais vida ao mercado municipal, ajudávamo-nos uns aos outros, pois quando mais estamos melhor é», considera.


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