O “Magusto da Velha”, que remonta ao século XVII, é revivido anualmente no dia a seguir ao Natal na localidade de Aldeia Viçosa, localidade situada a cerca de 15 quilómetros da cidade da Guarda.
“Iremos lançar o desafio ao Município [da Guarda] que terá, com certeza, gente que nos ajude nesse sentido”, disse Luís Prata.
Segundo o autarca, a candidatura desta tradição natalícia a património cultural imaterial nacional justifica-se porque a tradição “está registada, portanto, está escrita, é um facto”.
“É factual que em 1698 há o registo de que já se faz este uso e costume. Portanto, já nessa altura existia. Nós deduzimos que possa ter acontecido na altura do domínio Filipino. Acreditamos fortemente que há de ter sido por aí, ou seja, já [lá] vão 500 anos”, justificou.
Segundo o autarca, o “Magusto da Velha” é uma tradição “que sempre se mantém, que atrai cada vez mais pessoas”.
“E, pensamos que sim, que está na altura de dar o salto qualitativo a esse nível. E aí sim, uma candidatura dirigida pelo Município [da Guarda] em colaboração com a Junta de Freguesia poderia dar um outro ‘élan’ a esta atividade, a este evento”, considera Luís Prata.
Segundo o responsável, o “Magusto da Velha” é um evento “singular no país” que recorda anualmente “o gesto benemérito de uma ‘velha’ que, numa Idade Média marcada pela fome, doenças e guerras, fez doação de castanhas e vinho para alimentar o povo”.
O reviver da tradição, que anualmente é promovido pela Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, inclui, entre outros momentos, atividades de animação de rua e o lançamento de castanhas do cimo da torre da igreja.
Uma vez mais a organização vai disponibilizar 150 quilos de castanhas e 150 litros de vinho.
A edição deste ano do evento tem algumas novidades que traduzem o reforço da aposta na vertente cultural, segundo Luís Prata.
Pela primeira vez serão realizadas dramatizações, pelo grupo de teatro Hereditas, da Guarda, com destaque para um cortejo de transporte das castanhas e do vinho e para a recriação do momento em que a benemérita – que ficou conhecida na terra por “velha” por o seu nome não ser conhecido – irá “ditar o testamento ao escrivão”.
“Vamos tentar ao máximo recriar o que poderá ter sido o momento em que a ‘velha’ faz a sua promessa e exige que fique em testamento aquilo que ela dá e aquilo que ela pede ao povo”, explicou o autarca.
Naquele dia será também realizada a atividade “À conversa com…”, que contará com a participação de um convidado que tem publicações sobre o “Magusto da Velha”, e de um técnico da Câmara Municipal da Guarda que falará sobre um quadro de Grão Vasco que se encontra na igreja matriz de Aldeia Viçosa.
As atividades, que começam pelas 14 horas do dia 26, são apoiadas pela Câmara Municipal da Guarda.