Segundo a Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, “esta tradição remonta ao século XVII, quando uma velha muito abastada e proprietária da grande “Quinta do Lagar de Azeite”, na povoação de Porco, deixou um Testamento à Igreja no qual havia a “obrigaçom” de distribuir castanhas (o alimento principal à época) e vinho ao povo. Num século marcado pela fome e doenças, pela decadência do Império, pela crise subsequente ao domínio Filipino e às Guerras Civis da Restauração, esta dádiva era “divina”. Em troca, o povo tinha que rezar “um Padre Nosso” na Igreja pela sua alma. A tradição está documentada pelo Padre António Meirelles, em 1698, no seu levantamento de “Usos e Costumes da aldeia de Porco”.
Todos os anos, o povo de Porco, agora Aldeia Viçosa, cumpre com as suas obrigações. São lançados da Torre da Igreja 150 Kg de castanhas e distribuídos 50 litros de vinho pelo povo. A festa começa com a Missa pela Alma da Velha, na Igreja Matriz de Aldeia Viçosa, pelas 14h30. Esta ano, a celebração litúrgica vai ser animada pelos Escuteiros da Guarda.
Depois rebenta todo um ambiente dinâmico de sensações plurais: as castanhas lançadas da Torre da Igreja, os brindes à volta do vinho da Quinta do Ministro, as tradicionais cavaladas, as torradas quentinhas mergulhadas no melhor azeite do mundo, o Madeiro ainda a aquecer o Adro, os sinos a tocar a rebate, a dramatização a cargo do grupo Hereditas, a animação musical a encher o Adro e as ruas da freguesia, e muito mais.
Aldeia Viçosa perpetua assim um gesto de solidariedade de fraternidade, de paz. O Município da Guarda é parceiro na organização e promoção deste evento.
Este ano também se poderá visitar o Maior Presépio tradicional no Salão Cultural de Aldeia Viçosa.
A Junta de Freguesia desafiou o Município da Guarda a candidatar esta tradição com mais de quatro séculos, anualmente repetida, com um poder de atração cada vez maior, a Património Imaterial Nacional. Este evento traz cada vez mais visitantes de vários pontos do país. “No ano anterior, recebemos pessoas de Setúbal e de Braga, por exemplo, que vieram propositadamente para o Magusto da Velha”, refere a Junta de Freguesia local.