Albuquerque Mendes revisita infância com uma exposição no Museu da Guarda

O Museu da Guarda tem patente até 13 de outubro a exposição “Albuquerque Mendes: O Frio da Casa Permanece no Meu Corpo” que revisita a infância do artista natural de Trancoso, no distrito da Guarda.

Com curadoria de Paula Parente Pinto, a mostra estabelece um ponto de situação entre as coordenadas da vida e da obra do artista plástico natural de Trancoso, que regressa ao distrito da Guarda para revisitar as origens através da arte, refere uma nota enviada à agência Lusa.

A exposição apresenta 124 trabalhos que refletem a utilização de referências artísticas como recursos líricos para revelar o olhar do autor sobre o mundo. A vida e obra do autor surgem em coexistência e num contínuo processo de transformação. “E o artista marca as suas pinturas com datas descaradamente improváveis, conferindo-lhes uma improvável oportunidade passada, ou deixando-lhes margem de futuro”, descreve a mesma informação.

Um texto de Albuquerque Mendes, parcialmente transposto para as paredes, conduz o imaginário pelas décadas de cinquenta e sessenta em Trancoso, interpretando as vivências através do corpo e das sensações.

A curadora da exposição salienta que nessas leituras do percurso do artista, “Albuquerque Mendes usa referências da sua aprendizagem, e do seu percurso artístico, para construir uma memória biográfica. Nada é mentira, tudo é uma construção mental. É neste caminho bidirecional, confundindo espaço e tempo, matéria e ideia, que a experiência escrita toma forma e pensamento”.

Paula Parente Pinto sustenta que, “assumidamente, Albuquerque cultiva o sentido da deslocação, da desorientação e da estranheza, sinónimo da grande liberdade com que cria as suas obras”.

O artista escreve que “só a vocação não chega. As artes tornaram-se o lugar de inscrição onde abarquei tudo o que não cabia dentro da linha de horizonte do planalto da minha terra natal. As figuras, as árvores e as paisagens que inventei, transportaram-me e surpreenderam-me noutros contextos, simultaneamente possíveis e imaginados. Mesmo longe, há um frio que me permanece no corpo”.

Albuquerque Mendes nasceu em Trancoso, a 17 de março de 1953, e é um artista autodidata que, ao longo da sua carreira, tem privilegiado o cruzamento entre práticas disciplinares como a pintura, a colagem, o teatro e a encenação, expandindo as suas ações para o espaço público, e abrindo-as a um meio social arredado da cultura artística.


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