Cada contexto oferece, por norma, duas (ou mais) perspetivas: positiva/negativa e realista/sonhadora, uns preferem os números (estatísticas) e outros preferem as letras (compreensão dos números).

O paradigma português, desde conversas de café a programas televisivos de caráter informativo, é altamente polarizado e afasta inequivocamente algo que parece ser moderado e produtivo: “a cooperação de ideias e pensamentos”.

Como jovem empregado (sempre em risco de não o ser) entendo que este (des)emprego que assola a nossa geração, designada de “à rasca”, assimila um conjunto de ideias e perspetivas que contribuem, não raras vezes, para um extremar de posições perante a situação profissional (ou falta dela) em que se encontram os jovens.

Como diria Miguel Gonçalves num programa televisivo: “a procura ativa de emprego é para profissionais”. Neste momento, face ao desequilíbrio no mercado de trabalho em detrimento da força trabalhadora (i.e., existe pouca oferta de trabalho relativamente à procura), a competição por um emprego aumentou desmesuradamente e com isto várias consequências acompanham esta tendência: descida salarial, trabalho precário, entre outras.

Chegamos a um momento em que ao invés de parar para pensar, devemos avançar para inovar, assumindo uma atitude criativa e assim marcar a diferença em relação à nossa concorrência (cada vez mais similar ao nível académico e com um maior número de competências).

A única solução para desafiar o atual mercado de trabalho é conhecê-lo (sabendo como funciona) e adotar diferentes estratégias que naturalmente almejam a desejada diferenciação.

O segredo não está em sermos bons (somos efetivamente devido à procura externa de profissionais portugueses qualificados e não qualificados), mas sim em mostrar aos outros o nosso potencial, as nossas competências e o nosso conhecimento.

Tendo em conta as perspetivas anteriormente mencionadas, importa realizar um exercício de “cooperação de ideias e pensamentos” entre a realidade e o sonho. Em última análise, perante a realidade (difícil face ao desemprego) é o sonho que pode dar-nos esperança e motivação para continuar, não só a acreditar, mas a ter uma atitude resiliente, persistente e diferenciadora na procura de inverter, individualmente, a situação de desemprego em que muitos jovens portugueses se encontram.