Vivemos dias difíceis para o Emprego em Portugal. Se antes a situação já era má, infelizmente as circunstâncias pandémicas em que hoje vivemos, vieram de mãos dadas com os despedimentos, as falências, as reduções nos rendimentos das famílias e toda a crise em geral.
Não é segredo que a base de qualquer organização são as pessoas, e que melhores salários e benefícios atraem colaboradores mais qualificados e mais motivados, o que se traduzirá inevitavelmente numa melhoria da produtividade.
O Mercado de Trabalho, à semelhança de outros, funciona pela lei da Oferta e da Procura. O aumento de desempregados à procura de novas oportunidades, causada pelos despedimentos, conjugada com a redução de ofertas de emprego, associada às quebras de produção nos vários sectores da economia, faz com que as poucas vagas que vão sendo abertas sejam cada vez mais apetecíveis, mesmo que com condições inferiores às de períodos ditos normais, havendo, então, uma desvalorização da formação académica e um desrespeito pelo percurso profissional do candidato.
Aos mais jovens, quando a oportunidade surge, é-lhes exigido que já venham prontos, que saibam usar todas as ferramentas, que conheçam todas as dinâmicas normais de uma organização, que saibam inglês e de preferência mais algum idioma, que tenham a carta, e claro, que tenham aprendido isto tudo enquanto estudavam, já que este tem que ser, também, o seu primeiro emprego, de forma a estarem elegíveis para o estágio profissional do IEFP e que a maior parte do seu salário seja suportado pelo Estado. Para os sortudos que, já com toda esta formação, ainda tiverem experiência, porque já fizeram o estágio profissional, tem a possibilidade de ser remunerados com o salário mínimo ou um pouco mais, quando o local de trabalho situa numa cidade com um custo de vida mais elevado.
Temos uma Administração Pública envelhecida e a necessitar urgentemente da integração de jovens que possam garantir a sua modernização e sustentabilidade. Os empresários aclamam a necessidade de inovação e criatividade no tecido empresarial, mas procuram recrutar colaboradores com experiência, que trazem consigo velhos hábitos e uma visão cansada e limitada.
Não há abertura por parte das empresas para promover oportunidades de estágios remunerados, ainda são poucas as vagas para perfis mais juniores que tragam uma nova perspetiva e forma de fazer as coisas às organizações e é ainda insuficiente e um tanto quanto limitada a ligação e integração entre as o Mercado de Trabalho e as Instituições de Ensino Superior.
Estaremos perante uma exigência razoável ou uma intransigência irrazoável?