Uma das vantagens ambientais implementadas pelo anterior governo e seguidas pelo atual, inserida na política de fiscalidade verde, foi a redução de sacos de plástico nos diferentes estabelecimentos, impulsionada através da “Taxa do Saco de Plástico” e por consequência sensibilizando e educando a sociedade. Economicamente ficou muito longe do objetivo traçado – as grandes superfícies contornaram a lei em proveito próprio – mas, surtiu o efeito esperado nos objetivos traçados na reforma da fiscalidade verde, com a redução e reutilização dos sacos de plásticos leves. Então o que falta?
Bem…No passado fim-de-semana fui às compras a uma cadeia de hipermercados bastante conhecida, certamente uma das maiores do nosso país, onde o chamariz das promoções é uma constante e a tentação sobe à cabeça a cada produto que vemos.
Após recolha para o carrinho de todos os produtos, que estavam listados no bloco de notas do meu smartphone, cheguei a uma das muitas caixas para efetuar o pagamento. A funcionária, uma senhora na casa dos 40 anos, provavelmente com curso superior, simpática, sorridente, cabelo preto, unhas bem arranjadas e pintadas de tom azulado, questionou-me: “Tem o nosso cartão de cliente?”. Após verificar nos muitos cartões que “moram” na carteira, lá encontrei o dito “cartão de cliente”. Entreguei-o. Depois do registo efetuado aos produtos, com o conhecido e famoso som “pi…pi…pi”, a simpática funcionária olhou novamente para mim, com os seus olhos castanhos esverdeados e rigorosamente bem pintados e voltou a questionou-me: “Deseja com número de contribuinte?”. Respondi-lhe afirmativamente e comecei, de uma forma pausada e lenta, a debitar os números que, felizmente já estão gravados na minha memória. Ultrapassada esta fase e após o pagamento recebi 3 talões – um da conta (exageradamente grande), outro para desconto em combustível e o último para desconto em produtos de beleza!
Chegado ao carro e, antes mesmo de verificar se os preços dos produtos estavam corretos com as promoções da semana, desabafei, “Meus Deus, tanto papel para ir para o lixo!”
Não tenho a mínima dúvida que em pleno século XXI e com a capacidade de adaptação que invade o ser humano, urge a necessidade de deixar de emitir recibos em papel nos diferentes estabelecimentos, optando-se por uma solução mais limpa: o talão amigo do ambiente.
Perspetivando o futuro do nosso país, o modelo a adotar será semelhante ao que o LIDL na Suíça ou Carrefour em Espanha adotaram no início deste ano de 2017 e certamente terão os seus benefícios na sustentabilidade da economia, do ambiente e acima de tudo na sociedade a médio e longo prazo.
Portugal, que decerto estará à espera das orientações de Bruxelas, não pode perder este novo ciclo e deverá começar a pensar num modelo a seguir, não muito diferente destas pequenas “guidelines”; 1) os consumidores, numa primeira fase, deverão poder escolher numa aplicação móvel (app) se preferem receber o talão em papel ou se optam pela versão eletrónica, para que 2) numa segunda fase – mais longínqua – seja obrigatório somente a emissão eletrónica.
Dica de Incentivo:
Porque não ser obrigatório para os consumidores que peçam os “talões amigos do ambiente” um desconto na conta final, pelo menos, igual à taxa de um saco de plástico?
Ambientalmente, não tenho dúvidas que será mais um passo de gigante para a redução da produção de resíduos contudo, sabemos que não será o pináculo da perfeição mas, certamente as gerações futuras ficaram bastante agradecidas pela adoção dos seus antepassados de uma política mais amiga do ambiente.
Por outro lado, as empresas que seguirem o exemplo do Lidl e do Carrefour, para além da melhoria do indicador de atendimento e satisfação por cliente, no campo da poupança, irão ter uma redução na compra de papel podendo, desta forma, realizar novos investimentos no setor ou até mesmo em tecnologias e/ou investigação.
É meu desejo que num futuro próximo a senhora simpática e atenciosa que me atendeu me questione da seguinte maneira: “Deseja talão em papel ou em formato eletrónico?”.
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