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Gostou? Deu uma daquelas gargalhadas fabulosas? Boa, era isso que se queria para agora entrarmos com bom humor no artigo.
Atualmente existe um leque de metas que Portugal juntamente com os outros países da União Europeia (EU) se comprometeram a desenvolver, nomeadamente; 1) reduzir as emissões de gases com efeito estufa em 40% até 2030; 2) atingir uma quota de, pelo menos, 27% de energia proveniente de fontes renováveis no consumo total e 3) aumentar, pelo menos, 27 % a eficiência energética.
Para se atingirem estas metas ambiciosas, foi disponibilizado cerca de 20% do orçamento da EU para o período 2014-2020, ou seja, aproximadamente 180 mil milhões de euros que, devem ser gastos com a proteção do clima para transformar a Europa numa economia mais verde e mais eficiente do ponto de vista energético. Dessa enorme fatia, Portugal, arrecadou para o EIXO 1 do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos – PO SEUR – uma quantia igual a 757 milhões de euros. À data deste artigo, já foram aprovadas 27 candidaturas o que equivale a 160 milhões de euros – 21%. Ainda há muito caminho a palmilhar.
Um dos factos indesmentíveis é de que Portugal e as energias renováveis começam a ter uma relação extremamente forte, diria até, que, uma relação de amor como a ligação umbilical de uma mãe com o seu filho. Só em 2016, as energias renováveis em Portugal, asseguraram o valor mais elevado dos últimos cinco anos da eletricidade que consumimos com 64% e, inevitavelmente tendem a crescer. Boas notícias.
Perante esta aposta e dos esforços que nos pedem diariamente o anterior ministro do ambiente, Jorge Moreira da Silva, nos últimos dias da sua governação decidiu com valentia entregar a exploração de hidrocarbonetos no Algarve à empresa do ex-presidente do Sporting – Sousa Cintra – que, por sinal, tem uma relação com a exploração de petróleo como o da sua garrafa teve com o vidro do seu carro: péssima. Admito que, com a rapidez do processo o anterior ministro do ambiente nem tenha tido tempo para falar com o seu colega Pires de Lima, ministro da economia, sobre o impacto que esta medida poderia causar no setor do Turismo!
Felizmente para as metas de Portugal, que mencionei inicialmente, e acima de tudo para salvaguardar os possíveis danos catastróficos na agricultura, nas pescas, na complexa rede de água subterrânea pelos químicos injetados nos furos, o atual secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, tomou conta da pasta e agiu em conformidade com a sensatez ambiental, paisagística, turística e de saúde pública, ou seja, travou os contratos de exploração de petróleo.
Todos os dias nos deparamos, e bem, com as altas figuras do Estado falarem e exigirem uma maior transparência nos processos, uma maior honestidade, um maior escrutínio de tudo e de todos, um maior estímulo para os debates públicos e, perante isto, ao qual todos nós concordamos, acontecem situações obscuras e insensatas para uma País que se rege por princípios e regras de uma Democracia.
Foi com muita tristeza que li, este fim de semana, que a “Galp obteve luz verde para fazer furo no mar do Alentejo” depois de uma licença emitida pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), no passado dia 11 de janeiro de 2017. Más notícias. Não podemos seguir este caminho pois, não se esqueçam que as decisões que se tomarem nos dias de hoje vão ter consequências no futuro ambiental do nosso Planeta e por consequência nas futuras gerações.
Urge a necessidade de uma discussão pública sobre este assunto pois, se nos comprometemos no Acordo de Paris em descarbonizar a economia, não chegou a hora de definitivamente Cortar o Cordão Umbilical com os hidrocarbonetos?