“Hoje quase não se fala de esperança em Portugal. Fala-se de défice, de credores, de dívida, de impostos, de investimento e de exportações. Tudo isso é importante. Mas decisivo mesmo é falar de esperança”, afirmou Álvaro Amaro, na sessão de boas vindas ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, realizada na sala da Assembleia Municipal da Guarda.
Segundo o autarca, “um projeto de esperança não é um exclusivo de qualquer Governo nem monopólio de qualquer oposição. Tem de ser um imperativo de todos e uma exigência de cidadania”.
Álvaro Amaro reconheceu que o país está “a sair de uma crise grave que a todos atingiu”, mas precisa “de um projeto que mobilize os setores mais dinâmicos da sociedade” e que “não deixe à margem do progresso as vítimas maiores” da crise sem precedentes.
“Um projeto em que se pense menos nas próximas eleições e se pense mais nas próximas gerações. Um projeto que seja económico, social e cultural. Mas que seja, antes de mais, um projeto de esperança”, acrescentou.
“O país espera que Vossa Excelência, pela autoridade que tem e pela legitimidade que possui, seja, agora mais do que nunca, o impulsionador desse projeto de esperança, unindo os que na política estão desavindos, mobilizando os que na economia estão descontentes, congregando os que na sociedade estão desconfiados ou alheados. É uma tarefa patriótica e nacional. Mas é disso que o país precisa: de visão nacional e de espírito patriótico”, afirmou.
O autarca considerou ainda que na política nacional existem hoje “vícios estruturais preocupantes” e “há políticos, felizmente não todos, que passam o tempo a prometer e a não cumprir o que antes prometeram”.
“Estamos a repetir os erros da primeira República. Os portugueses gostam de viver em democracia mas estão cansados dos abusos que se fazem em nome da democracia. É tempo de reformar a vivência política, a cultura política e o sistema político”, alertou.
No seu discurso, o autarca da Guarda também chamou a atenção para a desertificação do interior e apelou à coesão territorial, ao combate à desertificação e à promoção do seu desenvolvimento.
“Todos os diagnósticos estão feitos e apesar disso a tendência mantém-se, o interior é cada vez mais interior, com menos gente, mais desertificado e menos desenvolvido”, referiu.
Álvaro Amaro lembrou que em todas as eleições “não há político que não prometa apaixonar-se pelo interior”, mas “a paixão esmorece logo que se ascende ao Governo”.
Na sessão de boas vindas ao Presidente da República, que este ano escolheu a Guarda para as comemorações do Dia de Portugal, Álvaro Amaro entregou a Medalha de Ouro da Cidade a Cavaco Silva.