O caso mais evidente é o do setor dos produtos petrolíferos refinados, onde a Petrogal (grupo Galp) é o maior ator: é o grande exportador por excelência, em peso e em dinamismo anual, mas importa tanto que acaba por quase anular o seu contributo aparente para a expansão anual.
No boletim económico da primavera, o banco central governado por Carlos Costa denuncia a situação, analisando o que aconteceu em 2013. “Por exemplo, os produtos petrolíferos refinados reduzem o seu peso (de 7,8% nas exportações nominais totais de bens para 1,9%) enquanto os artigos de vestuário registam um aumento (de 5,5% para 7,1%)”. É a diferença entre considerar-se a evolução normal – utilizada pelo Governo para se congratular pelo sucesso do ajustamento externo – e usar uma medida corrigida da dependência desses setores às importações.
Também o contributo líquido dos refinados é muito menor. As exportações de bens totais avançaram 27,4% em 2013, sendo que o contributo oficial do setor em causa se saldou em 2,1 pontos percentuais. A medida corrigida baixa essa ajuda para apenas 0,5 pontos.
Vestuário vale mais que combustíveis
Naquele exemplo em concreto, torna-se evidente que o setor do vestuário está muito mais emancipado em relação às importações, é mais nacional que os outros. Portanto, ajuda muito mais do que se julga à retoma da economia. O seu peso (corrigido) no total das exportações de mercadorias até é superior ao do setor dos combustíveis.