A única espécie que está em franco declínio no país é o pinheiro-bravo. Já se sabia desde o último Inventário Florestal Nacional (2006) e já se adivinhava face ao que se tem vindo a passar no terreno. Se não são os incêndios, que nos últimos anos têm sido particularmente vorazes em zonas de pinhal, é o nemátodo do pinheiro, que no ano passado invadiu a Região Centro, onde o seu combate é muito mais difícil. E todos estes problemas derivam de um maior: a ausência de gestão.
Agora, um estudo feito pela AIMMP e pela Sociedade Portuguesa de Inovação, com o patrocínio do Ministério da Agricultura e divulgado ontem num encontro na Curia, vem quantificar o drama: as necessidades de toda a indústria ligada ao pinho (serrações, painéis, carpintaria e mobiliário) para os próximos 20 anos vão aumentar 50 por cento, para 8,39 milhões de toneladas. Hoje, a floresta consegue oferecer 4,8 milhões de toneladas.
Nem será preciso esperar 20 anos para que o desequilíbrio seja tão evidente. Bastarão os próximos cinco. Ou mesmo nenhum, pois, conforme se verifi ca no estudo, Portugal tem vindo cada vez a importar mais madeira de pinho, com a contrapartida que deixou de exportar, dado o embargo à madeira em rolaria em vigor desde meados de 2008 devido, mais uma vez, ao nemátodo. Até porque entraram no mercado dois novos actores, grandes consumidores de madeira: as centrais de biomassa e a produção de pellets (tipo de combustível, geralmente produzido a partir de serrim e estilha compactados).
O estudo, que incidiu muito sobre as serrações, embora acabe por dar um panorama sobre todo o sector, lembra que em causa estão 250 empresas e 4500 postos de trabalho só neste subsector. Acrescem todos os outros ligados à fileira, e que vão da indústria dos painéis ao mobiliário.
Os autores, em conversas com quem está no terreno, chegam a outra conclusão: com o recuo do pinheiro bravo, irão abrir-se alas a outra espécie – o eucalipto. Com a evolução do nemátodo, que obriga ao corte de centenas de árvores doentes, será a biomassa que ganhará. Soluções: mais gestão florestal, maior investimento no pinheiro-bravo, tanto em plantações como em melhorias genéticas, e competitividade.