A queda das ‘yields’ das obrigações permitiu à Alemanha poupar 80 mil milhões de euros desde o início da crise.
O Estado alemão poupou cerca de 80 mil milhões de euros desde o início da crise financeira em resultado do recuo das taxas de juro das obrigações alemãs, revelou hoje um estudo do Institute for World Economy (IWF). Só no ano passado o pagamento de juros ficou cerca de dez mil milhões de euros abaixo do que a Alemanha pagaria num “cenário benchmark”, que tem em consideração as ‘yields’ médias da década anterior à crise. E este ano a poupança para o Governo alemão ficará nos 13 mil milhões. O relatório do IFW cobre o período que vai desde 2009 até 2013. “O declínio das ‘yields’ das obrigações é sobretudo provocada pela fraca dinâmica do ciclo económico na zona euro e pela política monetária do Banco Central Europeu”, salientou o economista do IWF Jens Boysen-Hogrefe no relatório hoje divulgado. Assim, o “efeito de activo de refúgio” das obrigações alemãs irá contribuir com uma poupança de cerca de três mil milhões, acrescentou o responsável. O benefício para o Governo federal alemão, responsável por cerca de metade da dívida pública da Alemanha, poderá aumentar para 100 mil milhões de euros “nos próximos anos”. Este números não incluem poupanças dos 16 estados alemães e dos municípios. Boysen-Hogrefe frisa, contudo, que “estes ganhos apenas têm efeito uma vez, não representando uma melhoria estrutural das contas públicas alemãs”. O relatório foi divulgado no dia em que o Tribunal Constitucional alemão começa a analisar a constitucionalidade do programa de compra de dívida de países do euro do Banco Central Europeu (BCE). Uma sondagem da Forsa indica que quase metade dos alemães quer que o tribunal considere inconstitucional o plano desenhado por Mario Draghi no Verão passado para ajudar a resolver a crise do euro.